25 de Abril: Liberdade para pensar e agir sem medo
50 Anos do 25 de Abril

25 de Abril: Liberdade para pensar e agir sem medo

Atualmente dedico-me à ação social, sou presidente do Centro Social de Gião. Fui deputado pelo círculo de Aveiro, em lista do PSD, desde julho de 1987 até 5 de outubro de 1995. Nestes dois mandatos, fui simultaneamente presidente da Junta de Gião.

Enquanto deputado, fui sempre uma espécie de embaixador dos autarcas. Fui autor dos projetos de elevação à categoria de vila da maioria das atuais 12 vilas do Município. As iniciativas mais marcantes para mim, mas especialmente para as populações que tive a honra de representar, foram:

– Proposta de alteração ao Orçamento de Estado para 1989: alteração à rubrica do Hospital de Santa Maria da Feira, para 50 mil contos. A proposta ‘oficial’ era de cinco mil, notoriamente insuficiente. Ciente de um histórico penoso de muitos anos de tentativas e incrédulo quanto à sua ineficácia, mas estimulado pela representação que carregava, resolvi dirigir-me pessoalmente ao ministro das Finanças e encará-lo para a reunião final da Comissão de Orçamento e Finanças. Era Miguel Cadilhe, uma pessoa de rosto fechado, quase irritante, mas que me foi ouvindo elencar as tentativas de muitos anos para a criação de um hospital, sem resultados. Nada dizia. Fomos entrando, ele para a bancada do Governo e eu, pelo lado de fora, ia desfiando o meu rol de iniciativas desenvolvidas, localmente. Ele continuava a ouvir, o presidente da Comissão ia questionando se havia alteração ou não, até que o ministro ‘rapa-me’ da mão a proposta que eu tinha elaborado de alteração e com a sua caneta escreve 25 mil contos no lugar dos 50. Eufórico, mostrei a proposta ‘rasurada’ ao presidente da Comissão e fui refazê-la. Não era o que eu queria, mas era um sinal importante. Assim foi aprovada a proposta de alteração, que veio possibilitar que Cavaco Silva dissesse ao presidente de Câmara que “íamos finalmente ter o hospital”;

– Escola C+S, atualmente EB 2/3 da Corga do Lobão: ao fim de 13 anos de lutas infrutíferas, a presidente da CCDR Centro disse ao presidente Alfredo Henriques que se lhe apresentasse uma proposta consensual às freguesias de Lobão e Gião, proporia a sua criação. Aproveitando a vinda a Sanguedo do, então, ministro da Educação, Couto dos Santos, eu e Alfredo Henriques abordámo-lo e explicámos a situação. Ele disse que se lhe apresentássemos um projeto antes de outubro talvez se conseguisse iniciar o processo. Pedi ao presidente Alfredo para ir comigo à Corga, queria mostrar-lhe um terreno interessante, onde está a EB 2/3. A sua primeira reação foi questionar se eu estava maluco, pois ali era Lobão. Respondi que sabia disso, mas eram os limites das duas freguesias e se conseguíssemos negociar os terrenos, satisfazíamos Lobão e Gião. A escola lá está, desde 1991, para benefício dos pais e alunos de Gião, de Lobão e não só;

– Instalação da repartição de Finanças na Corga do Lobão: estava decidida a localização das quatro repartições de Finanças do Concelho, sendo a 3.ª na Corga do Lobão. Os processos foram andando, as outras foram instaladas, mas a 3.ª não! O processo estava parado, os técnicos diziam que “não se justificava”, que “os impostos iam passar a ser pagos pelo correio ou internet”. Fiz uma exposição, confidencial, ao secretário de Estado das Finanças, pedindo-lhe para analisar o processo; dois dias depois, telefonou-me a dizer que “o seu assunto está despachado”, dando “ordens aos serviços para procederem de imediato à instalação”.

Sobre o 25 de Abril de 1974 e suas consequências para o futuro dos portugueses, outros saberão dizer melhor qual foi a sua importância. Direi apenas que sem o 25 de Abril não teríamos descolonização, democratização e desenvolvimento.

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