Era um gosto em vê-los numa azáfama que só as grandes motivações costumam dar, proporcionando aquele resultado entusiasmado nos trabalhadores. Por todas as freguesias observavam-se máquinas e trabalhadores tapando buracos com vários anos, alguns com couves dentro, oferecendo às vias, há muito sem piso, o negro de um asfalto fresco. Andavam os feirenses com um sorriso nos lábios, mas por motivos diferentes. Uns porque observavam a autarquia assumir os seus deveres há muito exigidos e sempre ignorados, outros porque não tinham duvidas de que aquela azáfama era simplesmente um dos sinais de que as eleições autárquicas se aproximavam e, como há quase 40 anos é costume, havia que fazer alguma coisa para mostrar obra. Se essa obra tem qualidade para durar e valer o investimento, ou mesmo se chega a seu términus, naquele calendário pré-eleitoral, não era relevante. O importante, como testemunhámos, é ganhar as eleições, depois recolhemos à Câmara e as máquinas ao estaleiro, tendo mais uns anitos para continuar prometendo o já prometido e nunca realizado.
Assim vai o Concelho, na verdade em nada diferente deste Portugal dos pequeninos governantes e gigantescos falsos realizadores de obra.
Conformado em bater diariamente com o meu carro nas irregularidades do piso, sempre que tenho de me fazer à estrada, calado e sossegado no meu canto ficaria eu, se o Sr. Presidente da Câmara fosse mais comedido no auto-elogio à sua governação, cingindo-se à verdade dos factos.
Segundo relata este semanário, na última reunião de Câmara o Sr. Presidente teve a audácia de, entre vários assuntos referir que “A obra mais significativa era a reabilitação da Rede Viária que estava muito degradada. O que considerámos mais importante para as pessoas e território, o Executivo cumpriu.”
Mas cumpriu o quê? A reabilitação da rede viária? Por acaso o Dr. Emídio reside no mesmo Concelho Feirense em que os restantes Feirenses residem?
Será que o Sr. Presidente da Câmara viaja pelo Concelho? Passa pelas mesmas estradas, ruas, caminhos em que os veículos do Correio da Feira circulam semanalmente, para distribuir o jornal ou fazer reportagem.
Ora tendo a certeza de que o nosso Presidente não chega à Câmara por via aérea, nem tem conhecimento científico para se teletransportar sou obrigado a concluir que no seu autoelogio governativo, no que se refere à situação das nossas estradas, o nosso Presidente, no mínimo não conhece a realidade do Concelho. Vamos então mostrar ao Sr. Presidente da Câmara e aos Leitores porque afirmamos tão despudoradamente que a realidade desmente o nosso presidente.
Para esse efeito convidamos de novo o Dr. Emídio Sousa e seu séquito, (já agora não deixe de se fazer acompanhar com o nosso “ministro de obras concluídas,” o novo vereador que, pelos vistos, pouco ou nada terá para fazer neste Concelho de Obra Cumprida.
Será sempre um tour limitado pelo espaço que o jornal me cedeu, mas nunca pela falta de buracos e estradas intransitáveis. Para que não haja lugar à dúvida, deixo ao nosso Presidente um convite para se juntar ao responsável pela distribuição do jornal e dessa forma comprovar que o que afirma em reunião de Câmara, não encontram os Feirenses no seu dia-a-dia dentro e fora das portas da cidade.
Começamos já na cidade Rua Dr. Eduardo Vaz: observe-se o estado do piso e os incontornáveis buracos e buraquinhos tampas de saneamento saltitonas e não me venham com a estória das recentes chuvas! Sim, eu sei, não ajudam nada á conservação das estradas, muito menos aquelas que são remendadas com uma simples pazada de asfalto, ou pintadas de preto para enganar os Feirenses, como dizia Eduardo Cavaco, sendo exigido aos condutores utilizarem os seus veículos para acamarem o recente material asfáltico depositado.
Outros exemplos dentro de portas da cidade:
A Rua Ferreira de Castro mesmo por detrás do Liceu e antigo Ciclo, é merecedora do primeiro premio da Melhor Pior Estrada da cidade.
A Avenida Francisco Sá Carneiro é uma lástima para o trânsito que a percorre.
A Rua S. Paulo da Cruz era de exigir que passasse a Rua de Santa Engrácia, constantemente em obras.
A Rua 1 de Maio de nada lhe vale ser chamada “Rua dos Fachos”, é uma vergonha o estado do seu piso e dos passeios (onde há passeios).
Já agora, sugiro ao Sr. Presidente, que, nesta nossa volta pela cidade, não perca a oportunidade de dar uma vista de olhos às rotundas ou zonas ajardinadas e, por favor, que nos explique o motivo por que pagamos a um vereador com o pelouro jardins e afins. Dê-nos também a sua opinião sobre o estado em que estão uma grande parte dos passeios da cidade: sem piso, com piso solto, esburacado completamente levantado pelas raízes das árvores, um perigo para qualquer passante.
Senhor presidente, diga-nos com sinceridade! Consegue orgulhar-se do estado nas nossas ruas, passeios, rotundas e jardins da cidade a que preside? Consegue sustentar que, neste aspeto, “o executivo cumpriu”?
Terminamos esta volta citadina na António Castro Corte Real, bem no centro da cidade. Da farmácia até à Junta de Freguesia o piso que apresenta é um orgulho para qualquer Presidente de Câmara.
Se contarmos do hospital até lá abaixo ao rio, passamos por duas importantes Rotundas que funcionam como portas da cidade. O estado em que se encontram também devem ser motivo de orgulho para V/Exa, em especial a do hospital, linda, bela como não há outra. Estamos todos com o Sr. Presidente contentes com a obra realizada e convictos por isso que votámos na pessoa certa, o Presidente que afirma em reunião de Câmara ter concluído a obra que nunca foi iniciada.
Para terminar, deixo-lhe imagens de algumas estradas que o nosso colega da distribuição percorre todas as semanas, bem como outros milhares de feirenses, obrigados a percorrer a obra finalizada do seu executivo.
Se continuar a achar que “o executivo cumpriu”, deixo-lhe o testemunho da mais alta demostração de agradecimento e consideração, como concidadão.
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