Histórico local da cidade de Fiães será adquirido por cerca de um milhão de euros. Emídio Sousa desvenda intenção de adaptá-lo a uma residência de assistência à terceira idade, com serviços de cuidados continuados, mas PS não quer privados a explorarem um espaço que será, finalmente, municipalizado; sugere discussão pública, aberta a toda a comunidade
A intenção da Câmara Municipal, após anos de negociação com os proprietários, em adquirir a comummente designada Quinta da Cavacada, também conhecida como Quinta das Camélias, localizada em Fiães, ganha contornos de realidade, após acordo para a sua compra.
Com uma extensão de aproximadamente 50 mil metros, entre palacete e terreno circundante, o espaço, no qual foi outrora lecionado o ciclo preparatório da denominada Escola Elementar Técnica Coelho e Castro, criada em 1966, localiza-se na Rua Principal e a sua municipalização vai custar cerca de um milhão de euros. O acordo para a sua aquisição foi aprovado na transata reunião de Câmara, mas (ainda) é apenas verbal, entre Autarquia e proprietários.
Apesar de ser um processo que se encontra numa fase embrionária, o autarca Emídio Sousa contextualizou a compra do imóvel. “É uma quinta com uma história significativa, que remete ao início da Implantação da República. Funcionou como ciclo preparatório, que servia toda a parte norte do Concelho. Ando há 15 anos a negociar a compra e penso que conseguimos chegar a um consenso, por um preço justo, que a família [proprietária] baixou. Ambas as partes ficam devidamente salvaguardadas”, referiu.
Posteriormente, revelou algumas ideias para requalificar e transformar o espaço, que poderá ajudar a reformular a dinâmica rodoviária e de acessibilidade de Fiães. “A intenção seria recuperar o palacete, construindo um pequeno auditório. Nos terrenos, cuja extensão é de cerca de 50 mil metros, reperfilar a rua”.
Quanto à recuperação da estrutura física, o presidente da Autarquia aponta à criação de “um conceito de residência assistida à terceira idade, com serviços de cuidados continuados”. Para tal, seria preciso encontrar “um parceiro privado para fazer o investimento” a quem seria cedido o direito de superfície “por determinados anos”.
“Vai ao encontro de uma necessidade que o território tem, a terceira idade e os cuidados aos seniores, e, por outro lado, preservar a memória de um espaço muito importante”, resume.
Ao anúncio do edil, o socialista Márcio Correia parabenizou a aquisição, ainda a consumar, considerando ser “numa grande oportunidade para dar uma nova centralidade à cidade de Fiães”, ainda que refira ser premente “envolver a população, criando uma discussão pública”, salvaguardando que “o Município terá sempre a palavra final”, e sugerindo, desde logo, a implementação de serviços, como uma Loja do Cidadão.
Também em representação do PS, Sérgio Cirino subscreveu as palavras de Márcio Correia, mas denotou não ter gostado da ideia de ter um privado a explorar o espaço. “Com tantas IPSS’s e dinâmica social no Concelho, a que propósito precisamos de um privado? Municipalizamos a quinta e depois entregamo-la a um privado… não concordo”.
Às intervenções dos socialistas, Emídio Sousa salientou que as suas propostas “são ideias ainda a serem trabalhadas”, referindo desde logo que “não deve ser um equipamento da cidade de Fiães; deve ser concelhio”, até porque “reduzi-lo a Fiães seria retirar-lhe a dimensão que pode ter”. “Não devemos sobrecarregar o espaço de equipamentos ou perderá a beleza natural”.
Quanto à discussão pública, o social-democrata sugeriu “pedir a um urbanista que estude o espaço e, em função disso, abrir à discussão”. Recorde-se que o Centro Social de Fiães está, atualmente, a construir um lar.
A aquisição da Quinta da Cavacada por um milhão de euros foi aprovada por unanimidade.
