21% do investimento num único espetáculo

Milhares de visitantes encheram as ruas da cidade de Santa Maria da Feira para assistirem à 22.ª edição do Imaginarius, que teve um investimento camarário de quase meio milhão de euros. Cerca de 21% deste montante destinou-se somente ao espetáculo Cristal Palace, da companhia francesa Transe Express Circus, dividido em dois contratos –  que representam 62% do valor gasto pela Autarquia em rubricas alusivas ao festival patentes no portal BASE

Sonho. Tema da 22.ª edição do Imaginarius – Festival Internacional de Teatro de Rua de Santa Maria da Feira, que transfigurou o espaço público e as ruas da Cidade entre 25 e 28 de maio, tornando, uma vez mais, o Concelho num espaço de encontro e partilha de cultura e arte.

Entrada gratuita para contemplar 383 artistas, de 37 companhias, que apresentaram 35 projetos artísticos. Sete estreias absolutas, outras tantas criações Imaginarius, três instalações de arte pública e três workshops, num total de uma centena de horas de programação; um vasto leque de artistas provenientes de dez países: Alemanha, Argentina, Bélgica, Brasil, Eslovénia, Espanha, Estónia, França, Itália e Portugal.

Para a realização do evento, a Autarquia teve de contratualizar serviços e espetáculos através do portal BASE, no qual figuram nove rubricas alusivas ao Imaginarius de 2023, que, juntas, totalizam 138.645 euros gastos pelo Município, valor ao qual acresce IVA a uma taxa de 23%, o que significa que ascende a sensivelmente 170.532 euros.

Cristal Palace como ex-líbris

Um único espetáculo – Cristal Palace, da companhia francófona Transe Express Circus – custou, sem IVA, 86.300 euros: além da representação teatral em si, de 64 mil, a Autarquia teve de adjudicar, após consulta prévia, um contrato para o rider técnico – documento que compila as necessidades técnicas dos artistas, fornecido pelos próprios, que o promotor deve cumprir – por 22.300 euros.

Com IVA, o primeiro custou 78.720 euros, e o segundo 27.420. Contas feitas, ter Cristal Palace no Imaginarius ‘obrigou’ a Câmara Municipal a desembolsar um total de cerca de 106.149 euros, ou seja, 62,3% do montante global gasto através dos contratos patentes no portal BASE para o evento artístico.

Face ao investimento total anunciado para a 22.ª edição do Imaginarius, fixado em 495 mil euros, o espetáculo Cristal Palace e o respetivo rider técnico representam 21,4%.

Para o rider técnico, a Autarquia abriu uma consulta prévia, que teve dois candidatos, tendo a empresa Audioglobo, sediada em Sever de Vouga, Aveiro, sido a contemplada, após apresentar o valor mais baixo, como é regra da contratação pública.

Outros serviços e espetáculos

Apresentando os valores com IVA incluído, foi ainda adjudicada, mas sem consulta prévia, ou seja, por ajuste direto, a locação de palcos e estrados, por 8.700 euros, à Lineu Ramos – Produção de Espetáculos, de Vagos; e serviços de coordenação e gestão de produção, por 8.800 euros, à Gente do Meio, de Braga.

Quanto a espetáculos, encontram-se no BASE, além de Cristal Palace, mais quatro: Ponto de Partida, do Instituto Nacional de Artes do Circo, por 12.300 euros; Le Grande Phrase, da Compagnie Didier Théron, por 9.200 euros; Aigua, da Xa! Teatre, por 6.568 euros; Potted, da Trócola Circ Producciones, por 6.765 euros; e ainda dois – Bulle à Bulle e Bufa i Rebufa – à Cia Enlaire, estes por um total de 11.931 euros. Todos os valores apresentados contam já com o IVA calculado.

Juntos, todos os contratos publicados no portal alusivos ao Imaginarius ascendem a 170.532 euros, o que representa 34,5% face à totalidade do investimento municipal no festival.

Investimento de quase meio milhão

Recorde-se que o município de Santa Maria da Feira terá investido aproximadamente meio milhão de euros – 495 mil euros, mais precisamente – para os três dias do festival Imaginarius, que trouxeram milhares de visitantes às ruas da Cidade.

Em entrevista exclusiva ao Correio da Feira, publicada na edição impressa transata, de 9 de junho, o vereador da Cultura da Câmara Municipal garantiu que o impacto económico foi superior ao investimento realizado, ainda que não tivesse divulgado quaisquer valores; assim como relativamente ao número de visitantes.

“O Imaginarius não é uma realidade local, que se faz com parceiros locais. Tem o cunho de diversidade e não o poderíamos fazer apenas com a nossa cor; é um arco-íris. Trata-se de um festival que reúne dez nacionalidades, de continentes distintos, o que implica operações logísticas. Fizemos um exercício realista e este obrigou-nos a reforçar o investimento, para que não subtraíssemos a missão do Imaginarius: um lugar de encontros e um palco privilegiado para a criação por parte de artistas locais, nacionais e internacionais”, referiu Gil Ferreira.

As nove rubricas patentes no portal BASE