Para muitos estudantes, finalistas e recém-graduados, a conclusão da Licenciatura é sinónimo de entrada no mercado de trabalho. Ao longo de três anos (em média) aprendem conceitos, teorias e práticas fundamentais da sua área de estudo; em simultâneo com o desenvolvimento de relacionamentos com docentes e profissionais da área (o chamado “networking”), quer numa abordagem presencial, quer a nível digital, através maioritariamente da utilização da plataforma LinkedIn. Ao longo desta jornada, ambicionam e sonham que depois de muito trabalho, terão o emprego pelo qual se prepararam arduamente. Contudo, muitas vezes não é esse o caso.
Primeiramente, pelo facto de muitos cursos não conterem na sua estrutura curricular um período significativo dedicado a um estágio numa empresa da área. O aluno retém apenas o conhecimento teórico e a sua experiência profissional fica a ‘zeros’. A par disso, está o facto das empresas até para posições ditas relativamente operacionais, como por exemplo assistente de marketing, já exigem dois a três anos de experiência na área. Como assim? Alguém que saiu da Universidade é praticamente inexperiente no terreno. Neste cenário, ou se entra com cunhas, tristemente, ou se tem a sorte de ser chamado a uma entrevista e tem-se uma atuação brilhante, que é algo de louvar, uma vez que é habitual a presença do fator nervosismo. Fica então uma pergunta: para que serve uma Licenciatura ou um Mestrado? Será que o investimento de esforço e monetário, realizado na educação não conta assim tanto?
Dito isto, uma alternativa a que se tem vindo a assistir cada vez mais é a oferta de estágios profissionais. Trata-se de uma experiência real (paga) no mercado de trabalho, numa organização, por um período que normalmente varia entre a 6 a 12 meses. Aqui já não é condição obrigatória a existência de experiência profissional. Acaba-se por priorizar as habilidades e a personalidade da pessoa, felizmente. No entanto, é importante referir que a procura por estes estágios é muito elevada, juntado o facto de existirem processos rigorosos de recrutamento e seleção. Normalmente, só há uma ou poucas posições abertas para estágio, sendo que muitos licenciados acabam por ficar pelo caminho, tendo de reiniciar o processo de pesquisa de emprego do zero. A típica expressão de “sete cães a um osso”.
Falando deste processo, não se trata de um simples envio de email para uma empresa, e esperar alguns minutos por uma resposta de sim ou não, com a possibilidade de agendar uma entrevista. Muitas vezes o email enviado não é lido, fica “perdido” na caixa de entrada ou vai para spam (basicamente é ignorado). O estudante deve procurar enviar vários emails, de forma a abrir o maior número de possibilidades, mantendo a persistência e evitar desanimar. Como reforço desta pesquisa, deve procurar inscrever-se em plataformas de emprego (ex. Indeed, Turijobs) e realizar candidaturas a partir daí. Aqui também se pode juntar as bases de dados de empregos e estágios (ex. E2 – Empregos e Estágios), que são constantemente objeto de atualização.
Tendo em consideração todo este processo, a duração de procura pelo primeiro emprego é algo demasiado variável – tanto pode levar uma ou duas semanas como vários meses. Chegando o momento de contacto para uma entrevista, é necessário que se tente saber o mais possível sobre a empresa, de modo a estar-se preparado para eventuais questões genéricas dos recrutadores. Deve-se manter um discurso claro e conciso ao longo de toda a entrevista, assim como mente aberta. Mas não vou entrar em mais pormenores. O que não falta por aí são guias de preparação para entrevistas. Adiante, é crucial estar preparado para a eventualidade de levar um “não” na(s) primeira(s) entrevista(s). Afinal, todo o ser humano erra. E é precisamente com os erros que aprendemos.
E quando somos finalmente aceites numa empresa, devemos procurar, inicialmente, fazer perguntas sobre aquilo que não sabemos, quer em termos de procedimentos assim como a nível mais técnico (ninguém nasce ensinado). Deve-se primar por criar e manter um relacionamento saudável com os colegas com quem trabalhos diariamente, aceitando, dentro do possível, as diferenças a nível de personalidade e de forma de trabalhar. E, muito importante, não olhar só para o salário! De que vale ter um bom salário se as condições ou clima de trabalho não são bons?! Temos de ter a capacidade de olhar mais além e a médio-longo prazo. E aceitar que mesmo que tenhamos um bom background académico, muitas vezes é colocado numa “gaveta” quando começamos a exercer funções que não estejam diretamente relacionadas com a nossa área de formação.
Para terminar, endereço um conselho: o esforço e persistência acabam, mais tarde ou mais cedo, por dar frutos. Por isso, nada de deitar a toalha ao chão ao primeiro obstáculo/percalço!