Santa Maria da Feira, com uma gestão do PSD semelhante à da época medieval, teve a sucessão de trono antes do fim estipulado do seu reinado. El Rei Emídio Sousa quer abandonar o castelo camarário e procurar um trono no palácio de São Bento. Ora surge a oportunidade para o príncipe feirense (que já era semi rei) poder finalmente usar a coroa que tanto anseia. A dinastia Albergaria começa a 11 de março e como numa boa família real, tudo indica que as tradições e decisões do reinado do laranjal serão as mesmas.
Emídio Sousa foi um mau Presidente de Câmara. Afirmo convictamente isto não apenas, mas também, por ser seu opositor político. Mas certamente o leitor me poderá ajudar neste exercício: em que se distinguiu a presidência de Emídio Sousa? No caso, pela positiva?
Alguns dirão que se trata de uma presidência com “um estilo de proximidade”, o que nem é verdade. Ele de facto deu muitas fogaças a idosos isolados, tirou fotos desse gesto performativo e fez campanha nas redes sociais, um sucesso digno de influencer! Pena que esses idosos depois nos outros 364 dias do ano estejam sozinhos sem equipas camarárias de combate ao isolamento. Pena maior ainda que ao fim de 10 anos de mandato não consiga arranjar uma solução para esses mesmos idosos se poderem deslocar a tempo e horas ao seu Hospital para as consultas de que tanto precisam.
Outros dirão que é o estilo: “um aguerrido, um chefão corajoso, uma autêntica fera a responder à oposição”. Também não é verdade. Emídio Sousa assumiu sempre uma postura um tanto rústica nos combates mais aguerridos em sede de Assembleia Municipal. Paternalismo, má conduta e falta de transparência nas respostas marcaram os discursos do ainda Presidente da Câmara. Felizmente, com a transmissão das Assembleias Municipais, o paradigma melhorou nesse aspeto, mas a História nunca esquecerá o que disse o Rei deposto acerca das pessoas com mobilidade reduzida: “os edifícios municipais são todos acessíveis, só não acessíveis para todos”.
Os mais fanáticos militantes do PSD dirão: “mas o Presidente foi um ótimo gestor! A Câmara jamais poderia estar melhor!” Eu, sinceramente, confiava mais num gestor de condomínio com maus comentários no Google para gerir o meu orçamento do que em Emídio Sousa, e explico porquê. Foi na presidência de Emídio Sousa que a P. Parques teve uma borla de 500 mil euros que é imperdoável. Afinal, quantas paragens de autocarro não se poderia construído com meio milhão de euros? Quantos parques infantis não podiam ser requalificados? É ainda a presidência de Emídio Sousa que é conivente com o saque na carteira dos feirenses levado a cabo pela a Indaqua, empresa que faz com os munícipes paguem das águas mais caras do país.
Um último argumento é a inovação: “ele foi pioneiro e teve ideias que ninguém antes ousou pensar”. Ai sim? Quais? A paragem do TGV no europarque? A abertura de um pseudo aeroporto em Ovar? As inovadoras cabras sapadoras em Fiães? Ou a defesa de não limpar de bermas das estradas para “proteger as abelhas?” Enfim, estas são apenas algumas das pérolas que estão no legado do rei deposto.
Podemos concordar que o futuro deputado da AD foi de facto bairrista, com todas as características de um autarca digno de semelhanças ao “Camilo, o presidente”. A AD escolheu, por isso, elevar o Camilo, que agora será: “Camilo, o deputado”.
Não há nenhuma política onde Emídio Sousa tenha brilhando neste mandato, foram três eleições repletas de “mesmismo”, sem visão para um município parado no tempo, sem um futuro risonho – consequência de décadas de má gestão do PSD. Um mau presidente será sempre um mau deputado, e um mau sucessor, pior presidente será.