Desprestigiante o rescaldo da constituição das listas de candidatos a deputados
Opinião

Desprestigiante o rescaldo da constituição das listas de candidatos a deputados

O exemplo dado pelo líder do PSD, candidato a primeiro-ministro, Luís Montenegro, ao concorrer fora do seu distrito de origem e de residência, mostra uma falta de afectividade pelas suas gentes! De forma diferente o candidato do PS, também candidato a primeiro-ministro, Pedro Nuno Santos, dá um exemplo de afectividade e proximidade às suas origens, ao ser cabeça de lista dos candidatos do PS por Aveiro.

Apesar desta tímida medida, que se louva, Pedro Nuno Santos, ao contrário do seu camarada Álvaro Beleza, foi incapaz de impedir a presença de um paraquedista no seu distrito, prova clara de incoerência política. Aliás, a constituição das listas de candidatos a deputados foi muito tensa entre os apoiantes de Pedro Nuno Santos e José Luís Carneiro. As fileiras do candidato derrotado, não foram suficientemente atendidas nas suas reivindicações, e acabaram por ver os seus nomes a ficarem pelo caminho. No caso da lista de candidatos a deputados por Aveiro, nem “um dos apoiantes de José Luís Carneiro” mereceu fazer parte da lista!…Esta situação é antidemocrática, visto não ter sido respeitada a legitimidade “representativa das minorias”, quando José Luís Carneiro teve mais de um terço de votantes no distrito de Aveiro. Trata-se de uma inaceitável falta de respeito para quem quer “Um Portugal Inteiro”! Mas a sua incoerência é agravada, quando se indica um candidato paraquedista vindo de Lisboa, indicado por Pedro Nuno Santos, com direito a ser colocado em lugar elegível, relegando para lugar não elegível excelentes quadros do PS/Aveiro!… Fica para memória futura, a inadmissível falta de coragem da Comissão Política da Federação do PS/Aveiro, em opor-se a esta decisão. Houve uma manifesta falta de respeito pelos eleitores Aveirenses, ao contrário da Comissão Política da Federação de Vila Real, que bateu os pés à vinda de um nome indicado por Lisboa. Esta, ao ser confrontada com a indicação de Álvaro Beleza, médico, (aliás, excelente quadro do PS) como cabeça de lista de deputados do PS por Vila Real, opôs-se veemente a esta imposição de Álvaro Beleza feita pela direção nacional. Esta posição de ruptura, não foi aceite por uma questão de princípio, e acrescentaram que: “Fosse que candidato fosse, não aceitariam essa indicação, ameaçando afastar-se do processo”, tendo conseguido ver a sua contestação atendida!…Coisa que não aconteceu em Aveiro, porque os seus dirigentes prestam vassalagem vergonhosa aos senhores do Largo do Rato.

Chegados aqui, será da mais elementar justiça, destacar a elevada dignidade política do Álvaro Beleza, ao justificar a sua recusa em ser candidato, pois nunca seria sua intenção ser um “candidato paraquedista”. Foi mais longe e acrescentou ter desistido da candidatura “depois de muito refletir”, e por ser um defensor da reforma do sistema eleitoral com a adoção do sistema de círculos uninominais, apesar de ter uma proximidade familiar ao distrito de Vila Real.

Considera ainda ser um acérrimo defensor da reforma do sistema eleitoral, como uma “causa política” da sua vida, pelo que “seria o último dos paraquedistas! Mais, apesar de ser rejeitado, afirmou com toda a humildade e simpatia, que compreendia a reação dos camaradas de Vila Real!… Esta nobre atitude mostra que ainda há políticos que em quem devemos confiar.

Esta forma de estar na política, contrasta com a triste figura que o Chega faz ao assediar ex-deputados do PSD e do IL. O presidente deste partido recruta estes candidatos sob a condição destes só aceitarem se integrarem as listas em lugares de elegíveis!… Por outras palavras, o Chega passou a ser um asilo dos políticos mercenários em saldo nas “listas de dispensas dos partidos da direita”.

Mais uma vez, Álvaro Beleza tem razão: Se os candidatos a deputados fossem escolhidos através de primárias em círculos uninominais nos seus distritos, este assédio vergonhoso não se verificava, e por outro lado evitava-se os candidatos paraquedistas, que não se identificam com os eleitores do distrito onde pretendem ser eleitos.   

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António Cardoso

Antonio Cardoso
COLUNISTA
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