A ‘Sopa dos Pobres’ surgiu durante a I Guerra Mundial para matar a fome da população de Lisboa. Cem anos depois mantém-se para responder a problemas que ainda hoje persistem.
Como é obvio teríamos de ter por aqui umas linhas sobre a reportagem do canal NOW, que teve por assunto o perdão de 500 mil euros à PParques, empresa a quem está concessionado o estacionamento na cidade da Feira.
Após o visionamento da reportagem: intervenções e explicações sobre os possíveis porquês de tal perdão a uma empresa que durante muitos anos não pagou, tendo acumulado uma divida na ordem dos 800 mil euros, sou levado a discordar.
Uma Câmara Municipal tem também uma parte social. Compete a ela ajudar quem precisa e assim permitir que o cidadão possa viver com dignidade.
Como em outros municípios, a Câmara investe na habitação, em bolsas a estudantes de famílias carenciadas e outras medidas de cariz social.
Assim, o que a Câmara Municipal de Santa Maria da Feira fez foi dar sopa a uma empresa que nitidamente estava com fome. Em insolvência, a PParques não conseguia cumprir as suas obrigações contratuais com a Câmara.
Obviamente que perante a desgraça, o sofrimento de quem quer pagar e não consegue, a fome de quem vive debaixo da ponte, o frio de quem não tem um teto para morar e que só tem uns miseráveis trocos no bolso (alguns milhões de euros em receita destes anos todos), o que deveria ser feito?
A pergunta: foi uma sopa cara?
Não sejamos maldizentes. Todos sabemos que o azeite está caro e que uma sopa a preceito leva sempre aquele fio que lhe dá gosto.
Além do mais, não se deve a olhar a despesas quando o bem-estar, a dignidade de alguém é colocada em causa e o executivo camarário, na altura liderar por Emidio Sousa, não olhou.
O mérito deve ser dado a quem o tem.