Carla Abreu. Candidata da Iniciativa Liberal à Câmara Municipal de Santa Maria da Feira nas Autárquicas’25
Compete pela segunda vez consecutiva como candidata pela Iniciativa Liberal (IL) à Câmara Municipal, por acreditar que o desafio lançado há quatro anos “continua atual”. Em ano de estreia, inscreveu o partido no sexto lugar da corrida autárquica e para 2025, o objetivo “é crescer no Concelho de forma sustentável e com uma política positiva”.
Na Assembleia Municipal, a meta é duplicar a representação do partido e no que respeita às Juntas de Freguesia propõem-se a duplicar o número (concorreram a quatro em 2021). Aos 55 anos, Carla Abreu tem como pensamento “menos foco na Autarquia e mais foco nos cidadãos”, pelo que pretende “descentralizar e desburocratizar”. Defende ainda a redução dos impostos municipais e o ajustamento das taxas dos respetivos serviços. Mobilidade, ambiente, habitação e economia são as grandes bandeiras políticas – uma vez mais – por, ao fim de quatro anos, “nenhum dos problemas abordados nas referidas matérias se encontrar resolvido”.
A candidata da IL, advogada, natural de S. João de Ver, aponta o dedo à governação do executivo PSD e não se inibe de traçar o mandato iniciado por Emídio Sousa como “assente numa gestão deficiente dos serviços administrativos”. Quanto ao sucessor, Amadeu Albergaria, fala em “muita propaganda política e pouca política, no sentido de trabalho”.
CF – Depois de, em 2021, ter inscrito o partido no sexto lugar da corrida autárquica, em ano de estreia, Carla Abreu volta a ser o rosto principal da Iniciativa Liberal à Câmara Municipal de Santa Maria da Feira. É uma candidatura de continuidade? O que a leva a abraçar de novo o desafio?
Carla Abreu – Entendo que a nossa Autarquia necessita urgentemente de reformas liberais, menos foco na Autarquia e mais foco nos cidadãos, e nessa medida a minha disponibilidade enquanto feirense e liberal é servir.
No exercício da minha profissão, de advogada, deparo-me com muitos dos problemas dos feirenses, e, contrariamente ao que seria de esperar, a Autarquia é, muitas das vezes, um entrave à resolução desses problemas.
Assim, aceitei o convite da IL da Feira para me recandidatar, porque acredito que podemos construir uma Autarquia que contribua para a solução dos problemas das pessoas, adotando uma gestão autárquica transparente e com melhores serviços, que é o que está ‘por fazer’.
O desafio que me lançaram há quatro anos continua atual.
Volvidos quatro anos, como avalia o trabalho da IL da Feira? No rescaldo das últimas eleições, referiu que iam “aproveitar este tempo para alicerçar a estrutura no concelho de Santa Maria da Feira”. Apresentam-se com uma estrutura reforçada?
Sim, a estrutura está reforçada, com uma nova coordenação eleita, mais membros, mais jovens, mais mulheres a participarem.
Fomos criando uma estrutura descentralizada, que abrange todo o Concelho, incluindo as freguesias do interior, onde anteriormente não tínhamos representatividade.
Ao longo deste período, o grupo de coordenação local teve o cuidado de reunir em várias freguesias do Município, de modo a descentralizar a gestão política e administrativa.
Em 2021, em entrevista ao Correio da Feira, afirmou que “acima de 2%” seria “um excelente resultado”. Alcançou 2,70% de votos. Qual a meta para as Autárquicas de 2025?
Obviamente que pretendemos aumentar. Mais do que definir metas percentuais, o objetivo é crescer no Concelho de maneira sustentável e com política positiva.
Pessoalmente, ficarei muito satisfeita se conseguirmos que os feirenses se identifiquem com as nossas políticas liberais para Santa Maria da Feira, assentes na máxima de que aAutarquia existe para servir os cidadãos e não para se servir deles. Mais do que votos, queremos mudança de mentalidade, uma revolução nas ideias do que é e para que serve a gestão autárquica.
“O objetivo na AM é duplicar a representação do partido”
Há quatro anos, concorreram a quatro freguesias – Argoncilhe, Lourosa, Santa Maria de Lamas e União de Freguesias de Santa Maria da Feira, Travanca, Sanfins e Espargo. Vão apresentar candidato da IL a mais freguesias? Se sim, quais? Pode avançar com nomes?
A atual coordenação propôs-se duplicar o número de freguesias a que iremos concorrer.
É política da IL no Concelho crescer de forma sustentável, responsável e com qualidade.
Iremos com toda a certeza concorrer nas freguesias onde já temos eleitos e em freguesias onde existem boas possibilidades de eleição.
Os nomes dos candidatos irão ser apresentados em breve.
Quem será o candidato à Assembleia Municipal (AM)? Qual o objetivo?
O candidato está escolhido, com o perfil que a IL acha o indicado para ser cabeça de lista à Assembleia Municipal e de certeza que será um excelente deputado municipal.
O objetivo na AM é duplicar a representação do partido [em 2021, elegeram um deputado].
A que forças políticas a IL pode retirar votos?
A IL não quer retirar votos, mas sim ganhar votos com as suas ideias junto dos eleitos e eleitores. Queremos ganhar, através das nossas ideias e projetos para o concelho de Santa Maria da Feira.
A Câmara faz “uma gestão corrente, com medidas avulsas”
Quais considera serem os maiores desafios que Santa Maria da Feira enfrenta atualmente e como pretende superá-los?
Os grandes desafios são mobilidade, ambiente, habitação e economia.
Temos tido uma dificuldade com o facto de os executivos sucessivamente eleitos para a Câmara Municipal não demonstrarem aos feirenses qual o caminho que pretendem para o futuro do Município. Entendemos que não tem havido planeamento a médio e longo prazo, fazendo-se uma gestão corrente, com medidas avulsas.
Planear, simplificar e desburocratizar os serviços administrativos são desafios de boa governança que pretendemos implantar na Autarquia, com vista a criar uma relação de confiança entre os cidadãos e os seus eleitos.
Das grandes bandeiras nacionais do partido, quais são transferíveis e que pretende trazer para a realidade do Município?
A descentralização e desburocratização, bem como a redução da carga fiscal para os munícipes e empresas são grandes bandeiras liberais, que o executivo PSD não tem conseguido implementar.
Aproveitar os recursos tecnológicos de última geração na gestão autárquica para simplificar e desburocratizar os procedimentos administrativos, poupa tempo e dinheiro aos munícipes.
E indo ao encontro do pensamento liberal de que o Estado não ‘dá’ nada a ninguém, sendo um mero gestor do dinheiro dos contribuintes, defendemos a redução dos impostos municipais, bem como o ajustamento das taxas dos serviços municipais, com respeito pelo princípio geral do consumidor-pagador.
Ainda não apresentaram o programa eleitoral, mas pode adiantar algumas das medidas do partido?
O nosso programa eleitoral apresentado em 2021 foi um programa bem estruturado e elaborado. Será a nossa base para o programa de 2025, que terá algumas atualizações em função do que foram os últimos quatro anos.
As medidas preconizadas no nosso programa eleitoral anterior, com destaque para a mobilidade, ambiente, habitação e economia do Concelho mantêm-se atuais, pois, infelizmente, nenhum dos problemas abordados nas referidas matérias se encontra resolvido.
[Emídio Sousa e Amadeu Albergaria] “Nenhum dos dois fez reformas necessárias”
Como avalia o mandato do PSD, iniciado por Emídio Sousa e agora liderado por Amadeu Albergaria?
O último mandato do PSD, iniciado por Emídio Sousa, assentou numa gestão deficiente dos serviços administrativos, sem planeamento e sem transparência, deixando a burocracia acumular para desespero dos cidadãos. No seu mandato incompleto, não faltou propaganda política.
Amadeu Albergaria ‘apanhou o barco a meio da viagem’, mas não mudou o rumo, mantendo o mote dado pelo seu antecessor. Temos muita propaganda política, mas pouca política, no sentido de trabalho.
Nenhum dos dois fez reformas necessárias: os serviços diretamente prestados pelo Município não funcionam bem e os serviços concessionados pelo Município conseguem fazer pior. Há falta de fiscalização por parte do Município no escrupuloso cumprimento dos contratos, nomeadamente P Parques e Indaqua.
O programa do PSD para estes quatro anos não foi cumprido por nenhum dos dois, pelo que é negativa a minha avaliação.
Mas não observa diferenças na atuação de ambos?
Como referi anteriormente, a atuação de ambos é similar.
Não vejo sinais de mudança por parte de Amadeu Albergaria. Vejo a mesma estagnação: sem otimização de serviços, sem a organização eficiente do trabalho, por exemplo, na área do urbanismo e licenciamento, e sem planos de execução concretos – e não de marketing – nas áreas da mobilidade, ambiente e habitação. Lamento, pois coloca em risco o desenvolvimento do Concelho.
Que mensagem gostaria de deixar aos feirenses?
A minha mensagem é de esperança. Acredito que podemos construir uma Autarquia centrada nas pessoas, focada na transparência e na boa gestão autárquica, necessariamente desburocratizada, facilitadora e dinamizadora do empreendedorismo, que combata as desigualdades e onde todos tenham acesso às mesmas oportunidades.