Os incêndios ocorridos em 2017, despertaram a atenção pública para a necessidade de maior intervenção na floresta. A legislação então existente tinha sido criada há mais de dez anos, (Decreto-Lei n.º 124/2006) que viu a sua estrutura reforçada, com o atual Sistema Nacional de Defesa da Floresta Contra Incêndios, especialmente dirigido para a criação e manutenção de Faixas de Gestão de Combustíveis (FGC), onde a lei determina distâncias de proteção para edifícios, aglomerados populacionais, equipamentos e outras infraestruturas, responsabilizando os proprietários florestais.
Periodicamente, as operações florestais enquadradas na defesa de pessoas e bens são efetuadas até final de abril. Uma gestão responsável da floresta planeia e organiza todos os procedimentos referentes à instalação, ao corte do povoamento, cujas operações acontecem sobretudo fora do verão. Destacam-se as imposições legais sobre as faixas de gestão de combustível, (FGC) que consagram que a limpeza destas áreas (nos 50 ou 100 metros ao redor dos edifícios ou aglomerados populacionais) se faça entre fevereiro e abril. Todavia, dentro da floresta é preciso cuidar durante todo o ano, para ter uma floresta mais segura, sendo uma forma de combater o absentismo e a desertificação do interior, fixando nos espaços rurais, aqueles que outrora cuidavam e vigiavam a floresta. Uma oportunidade de trabalho…
As árvores e as florestas, além de serem os pulmões do planeta, são os nossos melhores aliados contra as alterações climáticas. São responsáveis por absorver o “dióxido de carbono” da atmosfera e convertê-lo em oxigénio, o que reduz a presença deste gás com efeito de estufa, a principal causa do aumento da temperatura acelerando as alterações climáticas. As árvores fornecem aos seres humanos o oxigénio de que necessitam para viver. Estima-se que “são necessárias 22 árvores para fornecer oxigénio a uma pessoa”. Mas não só isso, elas filtram e prendem partículas de vento, tais como pó, fumo ou cinzas. Desta forma, conseguem melhorar a qualidade do ar.
As árvores são boas para a nossa saúde, pois purificam a nossa água. As árvores retêm a chuva e as raízes funcionam como filtros, eliminando parte das suas impurezas. Graças a isto, a água chega tratada aos aquíferos, tão importante para o armazenamento deste recurso acabando por seguir para os nossos rios. São também uma defesa importante contra a poluição sonora, dado que as grandes massas florestais, são uma barreira amortecedora das ondas sonoras do ruído produzido pelos automóveis, indústrias ou áreas urbanas. São ainda uma barreira protetora do solo contra os efeitos eventualmente nocivos do vento. Também os protegem das chuvas, já que as copas das árvores amortecem o impacto da chuva. As folhas ou árvores caídas são alimento para os nossos solos, uma vez que são uma importante fonte de nutrientes.
As nossas florestas contribuem para preservar e proteger a diversidade, uma vez que albergam mais de 80% das espécies animais e vegetais do planeta. Uma das piores consequências da deflorestação é o desaparecimento de animais e plantas, causando um desequilíbrio no ecossistema.
Para a economia, as nossas florestas geram emprego, não só em sectores diretamente relacionados com o processamento e a comercialização de produtos florestais, mas têm um papel muito importante na atração turística. Além disso, estima-se que mais de 25% dos medicamentos, provêm de plantas da “floresta tropical”.
Chegados aqui, que podemos fazer pelas nossas florestas? Podemos ser militantes ativos na defesa da floresta ao promover a reciclagem do papel e do cartão, ter um consumo responsável dos produtos de papel e madeira, incentivar a plantação de árvores, evitar o acendimento desnecessário de fogueiras, como ações de combate às alterações climáticas.
No domínio dos nossos direitos de cidadania, podemos ir mais longe na defesa da floresta exigindo que os Serviços Municipais de Proteção Civil cumpram com eficiência a sua função, dando conhecimento público, em termos de balanço, do trabalho anualmente realizado e de forma particular que mostrem as suas intervenções de limpeza de caminhos florestais do nosso concelho!
Mais, recomenda-se a realização de campanhas de sensibilização junto das Escolas do concelho, sobre a importância da floresta na vida dos cidadãos e os seus efeitos no combate às alterações climáticas!
Já agora, em termos de rodapé, quais os resultados obtidos com as ‘cabras sapadoras’ cuja iniciativa municipal foi tão pomposamente anunciadas na limpeza dos solos florestais’?
Concluindo, as nossas florestas precisam da nossa melhor atenção. Pelas razões expostas, não ficam dúvidas que são essenciais à nossa sobrevivência…é preciso acordar para esta realidade, antes que seja tarde!
