Feirense e Lusitânia de Lourosa, rivais históricos separados por oito quilómetros, não se defrontam oficialmente há quase 40 anos e irão agora encontrar-se num play-off decisivo para o futuro dos clubes. Tudo poderá permanecer como está, em caso de vitória dos pupilos de Lito Vidigal, mas em caso de triunfo lusitanista, os fogaceiros caem para a Liga 3 e os comandados de Jorge Pinto sobem à 2.ª Liga
Escreve-se mais uma página de história do futebol concelhio, distrital e nacional, com dois eternos rivais, Feirense e Lusitânia de Lourosa, em momentos antagónicos das suas respetivas epopeias de mais de 100 anos, a jogarem o seu futuro, um contra o outro, num play-off que promete emoção dentro e fora das quatro linhas.
Enquanto a equipa da cidade sede do Concelho procura evitar a despromoção à Liga 3, o emblema lourosense quer a segunda subida consecutiva, que o colocaria nos campeonatos profissionais em ano de celebração do centenário.
O Feirense chega ao play-off após falhar a manutenção direta, ficando em antepenúltimo da 2.ª Liga, tendo vencido apenas oito das 34 jornadas disputadas. Marcou por 31 vezes e sofreu 49, e averba somente um triunfo nos últimos 13 jogos, o único sob o comando técnico de Lito Vidigal, que substituiu Ricardo Sousa a sete jogos do fim.
O Lusitânia de Lourosa apurou-se para a liguilha no derradeiro encontro da fase de subida da Liga 3, na qual venceu 50% dos jogos, com um golo aos 90’, da autoria de Fábio Fortes. Antes, na fase regular, foi com mestria que apresentou a candidatura à subida.
Emoções à flor da pele
Há espetáculo garantido. Seja dentro ou fora das quatro linhas, o play-off promete. A acentuada rivalidade entre as equipas projeta dois encontros de intensidade máxima e emoções à flor da pele, e é neste capítulo, o psicológico, que parte do trabalho dos técnicos irá residir, tanto ou mais do que os aperfeiçoamentos técnico-táticos.
Ambos os estádios, primeiro este domingo, em Lourosa, pelas 11h, e depois no dia 2 de junho, na Feira, pelas 17h, deverão ter lotação máxima, devido ao elevado interesse que os adeptos dos clubes – e não só – têm demonstrado.
É o tema predominante na praça pública e nas tertúlias dos cafés, e fará correr muita tinta durante as próximas semanas. Certeza, apenas uma: Santa Maria da Feira continuará a ser representada no segundo patamar do futebol português.
Ambos (praticamente) na máxima força
Antevê-se um duelo entre duas formações que estão praticamente na máxima força. No lado do Feirense, apenas Isah Ali – que ainda não somou qualquer minuto esta época – está indisponível. Lito Vidigal irá operar várias mudanças no 11 titular, em relação ao encontro frente ao Lank Vilaverdense, que serviu para dar minutos aos menos utilizados.
João Costa, regressado de lesão, deverá ser a primeira opção para a baliza e Washington deve estar no tridente de centrais, com Tony Shimaga e Guilherme Ferreira; e Sérgio Conceição e Bruno Silva nas alas. Setor intermédio deve ser entregue a Jocú e Jorge Pereira, com Zidane Banjaqui e Shodipo no apoio a Antoine.
Já Jorge Pinto não poderá contar com dois habituais suplentes, o guarda-redes Marco Ribeiro e o defesa-central Bruno Faria, estando o restante plantel à disposição. Não são esperadas muitas mexidas no 11 inicial, face ao último encontro, mas projeta-se o regresso de Diogo Pereira para o meio-campo. Na frente, Fábio Fortes, que passou para terceira opção, reclama nova titularidade, depois de ter entrado aos 86’ e ter oferecido a presença no play-off com um golo ao 90’.
Relativamente ao histórico de confrontos, com dados desde 1966, as duas equipas jogaram 29 vezes entre si: o Lusitânia de Lourosa venceu 15 e perdeu 11, registando-se três empates; em golos, apenas menos um para o Feirense (34).
O último jogo oficial disputou-se a 21 de dezembro de 1986, com o Feirense a eliminar o Lusitânia de Lourosa da Taça de Portugal, 1-0, no Estádio Marcolino Castro.