Ainda sem anunciar candidatos, a avidez aumenta face a 2021. Partido Chega quer subir na lista dos mais votados na autárquicas, reforçar a posição na Assembleia, em que está representado com um deputado, e aponta à eleição de um vereador para a Câmara. Ana Antunes não poupa críticas ao PSD
Com apenas dois anos de existência, o partido Chega disputou as eleições autárquicas de 2021 e arrecadou pouco mais de 208 mil votos a nível nacional, dois mil dos quais em Santa Maria da Feira, sendo a quinta força política mais votada no Concelho.
Quatro anos volvidos, prepara-se para fortalecer a sua posição junto dos feirenses, objetivando integrar o executivo da Câmara Municipal, uma tarefa difícil, mas que a presidente da Concelhia do partido não descarta.
Ana Antunes, habitante e empresária de Santa Maria da Feira, ocupa o cargo após aceitar o desafio que lhe foi proposto com o intuito de “contribuir com cidadania ativa por uma causa maior”. Na génese da sua entrada para a vida política esteve um “convite feito ao mais alto nível nacional, em janeiro de 2024, com o objetivo de criar uma força em Santa Maria da Feira que pudesse ser uma alternativa aos partidos com maior implantação”.
“Já consegui absorver o melhor da política, que é poder trabalhar e ajudar o povo. É esse o meu foco e espero contribuir. Partilhei os momentos de alegria das conquistas, bem como os problemas que infelizmente existem no Concelho e que muitas vezes estão escondidos pela ‘pobreza envergonhada’ que cada vez existe mais”, conta.
Críticas ao PSD
Apesar do pouco tempo imbuída na política feirense, afirma que, “infelizmente para os feirenses, o executivo PSD não tem uma linha orientadora para um Concelho tão grandioso”, não poupando críticas a alguns membros do mandato que finda brevemente, cuja presidência foi dividida entre Emídio Sousa e Amadeu Albergaria. “Amadeu era o vice-presidente de Emídio, mas mal este abandonou o lugar para o qual tinha sido eleito, demonstrando desrespeito pelos feirenses, mudou as prioridades. Como é possível?”, questiona, deixando várias interrogações no ar.
“Não tinha voto na matéria quando Emídio Sousa mandava? Não dava a sua opinião? Havia assim tantas divergências dentro do PSD? Infelizmente, parece que continuam, com o vereador Mário Jorge [Reis] a ser mais presidente que o próprio Amadeu Albergaria; e esse mal-estar tem passado para o exterior, numa luta de publicações pelo ‘poleiro’”, critica.
Ambição é melhorar face a 2021
Sobre as autárquicas de 2021, recorda terem sido as primeiras eleições com participação do Chega, criado dois anos antes. Em Santa Maria da Feira, o partido alcançou 2,83% dos votos (1.979) para a Câmara e 3,10% (2.167) para a Assembleia, elegendo um deputado. Para Ana Antunes, no próximo sufrágio o desejo é integrar o executivo municipal.
“O Chega vai para todas as eleições com a intenção de ser alternativa aos habituais partidos que têm prometido e falhado. Não temos a implantação autárquica que outros com mais de 50 anos têm, mas reafirmamos o compromisso em fazer mais e melhor. Será sempre o objetivo e fio condutor. Estamos a dar a cara por uma alternativa que irá dar voz a tantos e tantos feirenses deixados para trás pelos sucessivos executivos PSD”, promete.
Quanto às freguesias, o melhor resultado em termos percentuais foi alcançado na UF de Canedo, Vale e Vila Maior (4,86%). Não assume o desejo de ganhar alguma Junta e afirma que os candidatos do Chega não serão políticos, mas “pessoas do povo, com dificuldades com a habitação e com contas para pagar todos os dias”, querendo intrometer-se entre os “habituais partidos que têm desgovernado a Câmara e muitas Juntas”.
Não desvenda qualquer nome de candidatos, quer à Câmara, Assembleia ou Juntas, que serão tornados públicos “brevemente”.
Sobre o programa eleitoral para Santa Maria da Feira, quer tratar todas as freguesias de igual forma e foca temas como a habitação, apoios aos carenciados e vias de acesso. “Ao contrário da propaganda que o presidente Amadeu Albergaria e o PSD têm proclamado, o Chega é a favor de obras nas freguesias. Há muito a fazer e temos noção que este executivo não tem tratado as freguesias de igual modo. Algumas têm sido premiadas em detrimento de outras, o que reforça a ideia de que não existe uma visão estratégica para o Concelho como um todo”.
“Gastam-se milhões de euros sem critérios e depois faltam verbas para a habitação, para o apoio às famílias carenciadas e para as estradas, que estão a ficar degradadas. Santa Maria da Feira tem de ser mais do que um Concelho de festas e caminhadas”, considera.
Por fim, tece alguns comentários à instabilidade política que assola o país, com a queda do Governo e novas eleições legislativas à vista. “Está na altura de o povo dizer Chega. PSD e PS esqueceram-se do compromisso que fizeram com o povo português. Não estão à altura de tamanha responsabilidade. O Chega ainda não teve oportunidade de cumprir com as promessas e de poder trabalhar por Portugal. Estamos prontos”, garante.