A XXVI Viagem Medieval aproxima-se, trazendo consigo milhares de visitantes atraídos pelos seus inúmeros espetáculos e pela sua gastronomia.
Porém, este evento tem trazido graves constrangimentos à mobilidade dos cidadãos locais, principalmente os idosos, quando pretendem deslocar-se ao cemitério ou assistir a cerimónias fúnebres. O parqueamento é reduzido e o acesso, difícil, torna-se impossível em determinadas horas do dia. Eu tive essa amarga experiência, aquando do falecimento dum familiar num dia em que decorria a Viagem Medieval.
Sobre este assunto, tive em tempos não muito longínquos, uma conversa com o nosso presidente da autarquia, Emídio Sousa. Trocámos várias ideias, sendo uma delas precisamente sobre o cemitério. Depois de lhe transmitir as minhas preocupações sobre o seu atual estado, quer no que toca à sua dimensão e sobrelotação, quer relativamente aos acessos, o presidente esclareceu-me que era intenção da autarquia, fazer um estudo sobre uma nova localização para o cemitério municipal. Ora sabemos bem o tempo que neste país demoram estes estudos, e, pior do que isso, a concretização dos seus resultados!
A opinião que lhe dei sobre o assunto, era que, a meu ver, havia uma solução para evitar a construção de um novo cemitério, num local bastante afastado do atual.
Efetivamente, junto ao edifício do antigo Inatel, há terrenos disponíveis, que poderiam ser negociados ou expropriados para a ampliação do cemitério municipal, já sobrelotado, sendo que a construção de um aparcamento plano, contíguo ao cemitério, iria diminuir as dificuldades de acesso e de estacionamento.
Apesar de a morte ser um tema tabu, sabe-se que a modernização e as novas exigências das políticas ambientais têm vindo a alterar os rituais fúnebres, recorrendo-se para o efeito, ao Crematório. Estas alterações que apresentam uma outra visão de preservar a memória daqueles que nos são queridos, têm-se verificado com mais frequência nos grandes centros urbanos, onde há uma preocupação premente relativa ao espaço e, naturalmente, ao local específico, no qual os familiares possam depositar as cinzas dos seus entes queridos e prestar-lhe a sua homenagem com regularidade. No caso do cemitério da nossa cidade, não faz sentido a exigência de um Crematório, em virtude de S. João da Madeira já possuir um.
Apesar de as decisões sobre os rituais fúnebres pertencerem à esfera privada e pessoal, é sobejamente conhecida a relutância da população, sobretudo nas zonas rurais e nas pequenas cidades, em aceitar a cremação por razões de variadíssima índole, que não cabe aqui referir. Contudo, considero urgente a criação na nossa cidade de um espaço específico, onde os familiares que assim o desejarem, possam depositar as cinzas dos seus entes queridos cremados, porque as minorias, quer na vida quer na morte, são seres humanos.
Ainda no que respeita às novas exigências ambientais preocupadas com o tipo de madeiras das urnas e com o seu revestimento, tendo em vista a redução da contaminação dos solos e dos lençóis freáticos, desconheço se há em Portugal legislação sobre esta matéria, mas sei que a França e outros países europeus já a aplicam.
Este tema diz respeito não apenas aos Feirenses nascidos e criados na nossa terra, mas também a todos os que agora aqui residem vindos de outras regiões. Devemos ter uma visão mais ampla das coisas e anteciparmos o futuro.