Born to Kill? O feto fatal
Opinião

Born to Kill? O feto fatal

Caros leitores, para fins de esclarecimento inicial, parte do título, “Born to Kill?”, advém de uma série televisiva britânica do mesmo nome, que narra as origens e modus operandi de vários assassinos em série do século XX. Como poderão adivinhar, tal título remete para o assunto controverso do “possível” assassinato ocorrido no distrito de Aveiro, no início de outubro.


Realizando um enquadramento do tema, tudo começou com Fernando Valente (FV), de 39 anos, acusado de suspeita de assassinato da mulher com quem havia mantido um relacionamento amoroso, e cuja qual desapareceu dos “radares” no dia 3 de outubro. Mónica Silva (MS) de 33 anos, estaria, aparentemente, grávida do suspeito, com quase sete meses findados da gravidez. FV provém de uma família abastada, cujos país enriqueceram, ao que consta, graças a esquemas e a aldrabar os outros. FV, um connoisseur da vida noturna e do engate, atraiu MS com os seus encantos e engravidou-a. Passados uns meses, MS contacta FV, já grávida, alegando que ele a engravidou. A vítima, já com dois filhos, pede a FV que lhe providencie bens monetários, a fim de possibilitar o sustento da criança que está para nascer, uma vez que esta foi obra de ambos.


FV, não querendo assumir quaisquer responsabilidades a fim de manter a sua vida boémia, exige evidências que mostrem tal facto. MS afirmou ter ecografias que suportam esta hipótese. Dito isto, foi marcado um encontro, a fim de discutirem o futuro da criança, na data já mencionada. Esse encontro teria lugar numa propriedade pertencente a FV, na Torreira. MS, nesse dia, antes de sair, avisa os filhos que “vai tomar café e já volta”. No entanto, ao fim de mês e meio tal não aconteceu.


É aqui que a Polícia Judiciária (PJ) de Aveiro entra em cena! Segundo esta: “O que se sabe é que foi na posse das ecografias que Mónica saiu de casa, na noite de 3 de outubro, dizendo aos filhos – de 11 e de 14 anos – que ia ao café. A partir daí, apesar de, horas depois, ter telefonado a avisar que iria regressar a casa, nunca mais voltou a ser vista. “O filho mais velho sabia que ela tinha ido ter com o Valente e diz que foi ele que a matou. Nós só queremos saber onde está o corpo da minha sobrinha”, apela Filomena Silva, tia de MS (in Jornal de Notícias).


A PJ, e segundo a revista VISÃO, revelou que nesse mesmo dia, o telefone de MS foi desligado, sendo que no dia 4 o cenário mudou de figura. Simultaneamente à ativação do telemóvel de MS e localizado no Alentejo (no concelho de Cuba), onde o suspeito tem uma propriedade; o de FV estava em Vila Nova de Gaia. O facto de haver uma distância de cerca de 400 quilómetros entre as terras faz com que as autoridades acreditem que os telemóveis tenham sido utilizados para as despistar, revela à CM, e que pode existir uma outra pessoa a ajudar FV. A par disso, foram detetados vestígios de sangue dentro do carro de FV.


As buscas estenderam-se a outros locais, começando por um poço na Murtosa, perto da casa de MS. No passado dia 23 de novembro, realizaram-se trabalhos de limpeza e investigação nessa localização, após um vizinho ter dado o alerta por causa do cheiro. Contudo, não foi encontrada nenhuma pista relevante. Foi avançado, também, que a PJ de Aveiro está a realizar buscas perto da Ria de Aveiro “depois de ter sinalizado um local suspeito nas margens”. “Foi detetado um metal que poderá tratar-se do aparelho dentário de Mónica Silva.  O local sinalizado é em São Jacinto, que fica a menos de dois quilómetros da casa da Torreira de Fernando Valente” (in VISÃO e CM).


Posto isto, será Fernando Valente culpado? A sua vida de regalias e conforto terá o levado a tal ponto de desespero, capaz de cometer um ato tão atroz? De momento, FV está a cumprir prisão preventiva, por suspeita dos crimes de homicídio qualificado, profanação de cadáver e aborto agravado. Resta-nos esperar por futuros e sérios desenvolvimentos dos órgãos de comunicação social, ao invés do sensacionalismo praticado por alguns, pelo encontro do corpo de MS, reanimável ou não. Pelo menos, encerrar-se-ia um capítulo…

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Gustavo Tavares Pé D'Arca
COLUNISTA
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