As birras são uma expressão emocional natural de frustração, contrariedade, mas também de necessidades como atenção, fome, sono ou proximidade às figuras de referência. Fazem parte dos estádios desenvolvimentais em crianças entre os 2 e os 5 anos de idade, ou em outras mais tardias, se falarmos de crianças com patologias neurodesenvolvimentais.
Férias significam, para a maioria dos adultos, tempo de qualidade passado com família ou amigos, lazer, descanso ou aventura, tranquilidade, mas também maior disponibilidade emocional e de tempo. Com crianças, as férias têm de ser pensadas também em função delas, correndo o risco de as birras aumentarem exponencialmente se as férias forem pensadas só para os adultos usufruírem, e só com atividades para adultos.
Sabemos que a alteração de rotinas e horários, viagens, espaços físicos e a temperatura podem despoletar um estado de maior inquietação e agitação. Como fazer, então, para evitar e lidar com estas birras?
Planear as férias com antecedência, para encontrarem o melhor destino que seja adaptado a crianças e aqui, dependendo da idade, também importa ouvi-las: o que é que gostavam de fazer nas férias com os pais? Praia ou piscina? Parques e piqueniques? Visitar cidades? Aventura?
Preparar as malas com a devida antecedência, fazer listas do que não esquecer, de forma a que seja tranquilo para todos, e contemplar, sempre, os essenciais com crianças: preparar uma mochila que contenha os pertences com que as crianças melhor se entretêm: livros de pintar, sebentas para desenho, pasta de modelar, lápis de cor ou canetas, marcadores, autocolantes, tesoura e cola, jogos de bolso ou cartas e dados, juntamente com aquele que é o brinquedo preferido da criança e com o qual costuma dormir ou relaxar, de forma a promover a autorregulação em momentos de maior espera ou agitação. Ter sempre, também, uma lancheira com essenciais como toalhetes, água, fruta de beber e snacks (bolachas).
Quando a birra se instala, o que fazer?
Tentar ficar num espaço mais isolado para conseguir acalmar a criança e perceber o que está a provocar esse estado; conversar calmamente; verificar se as necessidades básicas estão asseguradas; ausentar-se da situação (dependendo o que a esteja a causar); desfocar a atenção com outra situação, como um jogo ou desenho.
Uma das regras-chave é preparar a criança e antecipar, com tempo, para a situação que a espera nas férias. Explicar para onde vão, falar com entusiasmo, conversar sobre as rotinas que irá ter e o que poderá e não poderá fazer. Boas férias!