O relatório e prestação de contas do Município relativo ao ano de 2022 foi levado à sessão ordinária da Assembleia Municipal para apreciação, votação e discussão. “Falta de objetivos concretos” ou de “visão futura” foram algumas das críticas da Oposição, que anseia por respostas nos domínios da habitação e transportes
O relatório e prestação de contas do Município de 2022, que foi aprovado em sede de reunião de Câmara, a 24 de abril, foi a discussão e votação na última Assembleia Municipal, realizada na passada sexta-feira, no Europarque.
Após Emídio Sousa ter feito um resumo de 2022, mostrando-se “orgulhoso” do alcançado, os grupos parlamentares reagiram à atividade do Município. João Vidal, da CDU, foi o primeiro a usar da palavra, levantando questões sobre as taxas de execução e os valores alocados à área da educação pela Câmara Municipal.
O representante da Iniciativa Liberal, Carlos Martins, foi mais longe, escrutinando várias rubricas. O deputado municipal começou por afirmar que “não encontraram ideias novas”, pelo contrário. “Não encontramos a ideia de viragem. Só um copy past de relatórios e atividades anteriores. Os problemas continuam por resolver. Faltam objetivos concretos e uma visão de futuro para o Concelho”, disse, antes de apontar à falta de resultados. “[O relatório] só descreve exaustivamente a realização e não o resultado”, atentou, dando como exemplo a medida de incentivo à natalidade – a Autarquia apoia com 600 euros anuais crianças até aos três anos –, cujos resultados, segundo Carlos Martins, não constam. “O relatório não apresenta o impacto das políticas”, reforçou.
Já Ângelo Santos, do CDS, considerou ser necessário “promover melhores condições para o nosso território”. “Continuamos a procurar financiamento e indústrias para o território, mas temos de perceber que os parques industriais estão saturados. Continuamos a cometer os mesmos erros. Fazemos implantação de empresas, mas o estacionamento são os terrenos vizinhos. Faltam infraestruturas, condições e acessibilidades”, opinou, não duvidando que “estamos atrás das necessidades mínimas para sermos um concelho de excelência”.
O deputado eleito pelo Bloco de Esquerda, Tiago Paiva, lembrou “os problemas claros de habitação e da rede de transportes, que é deficitária, degradada e não responde às necessidades de mobilidade dos feirenses”. Para o bloquista, “vive-se pior hoje em Santa Maria da Feira”, pelo que “são necessárias respostas”.
O socialista Daniel Gomes também não se escusou de comentar o relatório e prestação de contas do Município de 2022. As críticas foram em grande parte ao encontro das já proferidas por Carlos Martins, nomeadamente no referente à avaliação das políticas públicas. “Andamos há mais de 30 anos preocupados com obras, cujo retorno está por apurar. Temos a 3.ª maior taxa de IMI do distrito de Aveiro e um trabalhador na Feira ganha abaixo da média nacional e da Área Metropolitana do Porto”, acrescentou.
Em sentido inverso, o social-democrata Carlos Seixas elogiou a atividade do Município, “congratulando o programa de incentivo à natalidade”.
“A nossa estratégia foi bem definida”
Em resposta às críticas ao relatório apresentado, o presidente da Câmara Municipal salientou que não era “de PowerPoint, mas de fazer”, dando como exemplo as obras efetuadas. “Se contratasse o serviço fora gastava milhares de euros e ficava espetacular do ponto de vista gráfico, mas não nos dizia nada concretamente.Não sou de PowerPoint, sou de fazer. Prefiro dizer que tenho 1600 quilómetros de estrada (…)”, referiu, garantindo que “a nossa estratégia foi bem definida”.
“Num futuro não muito distante teremos condições para andar de bicicleta e deixar o carro em casa”, atirou ainda, antes de esclarecer que a queda da natalidade “é um problema mundial”. Emídio Sousa “acredita na subida dos salários face ao planeamento estratégico” e não duvida que “o nosso território está pujante”.
O relatório e contas do Município de 2022 foi aprovado sem unanimidade.