Um dos perigos que as sociedades enfrentam nos tempos atuais é o ‘pensamento único’, o qual tem como pilares a desinformação, a manipulação da informação e a ignorância.
Em Portugal, temos dois exemplos recentes em que o ‘pensamento único’ começou a ser imposto através da propaganda política e controlo da comunicação social. O primeiro foi a pandemia e o segundo o conflito russo-ucraniano.
Vou incidir este artigo sobre o primeiro.
No nosso país, como é do conhecimento público, o primeiro caso de Covid-19 surgiu em dezembro de 2018, embora só em março de 2019 tenha sido oficialmente confirmado o primeiro caso. Por parte das autoridades, fizeram-nos acreditar que o país estava preparado para enfrentar esta crise pandémica e que o SNS era robusto para tal combate. Só quem andava distraído é que não se apercebia de que nessa altura já os hospitais estavam em rotura, quer em recursos humanos, quer materiais.
A situação foi-se agravando e a gestão da pandemia tal como noutros países, passou a ser gerida pelo poder político e não pelas autoridades sanitárias. Qual foi então, o caminho escolhido?
Limitar o acesso a dados contabilísticos respeitantes à verdadeira dimensão da pandemia e fazer crer que o resultado da gestão do Governo estava a ser um sucesso. Em relação aos dados contabilísticos, hoje já temos informação disponível, graças a pressões e ações interpostas nos tribunais. Quanto à gestão da pandemia, não foi o sucesso que o governo declarou e continuamos a não ter respostas para a resolução da grave falta de cuidados médicos no sistema nacional de saúde, o que, em certos casos, se tem vindo a agravar.
Nos anos de 2019 e 2020, para evitar a caótica situação hospitalar, quer por falta de médicos e enfermeiros, quer por falta de recursos e de material cirúrgico, o governo recorreu aos confinamentos compulsivos.
Confinamentos esses que foram considerados anticonstitucionais por alguns constitucionalistas, restringindo as garantias e liberdades individuais, quase parecendo estarmos perante um ‘estado de sítio’ como se de uma guerra se tratasse. Hoje sabemos que tanto os confinamentos como as quarentenas, para além da tentativa de controlar o contágio da doença, tiveram como objetivo evitar as idas aos hospitais, o que impediu a monitorização de outras doenças graves.
As quarentenas de catorze dias foram exigidas durante muitos meses, tendo-se vindo a constatar, recentemente, que a diminuição das quarentenas para cinco dias demorou demasiado tempo a ser aplicada, no intuito de não se dar a perceber que tinham sido cometidos erros na gestão da pandemia. Na verdade, a revelação pública de sms’s entre o PM inglês e o seu Ministro da Saúde veio confirmar que o confinamento de cinco dias já tinha sido aconselhado pela ciência, muito antes da sua aplicação em Portugal e noutros países.
Num ambiente de caos e desorientação em Portugal, Espanha, Reino Unido e Itália, entre outros, tudo era contabilizado para que os números das vítimas mortais de Covid-19 fossem exponenciados, tendo-se para esse efeito, incluído no mesmo saco, pessoas que sofreram fraturas, infeções diversas, cancro, complicações pós-parto, diabetes, problemas congénitos etc.
Por cá, a diretora da DGS, Dra. Graça Freitas, ocultou a Plataforma da Mortalidade, a qual permite consultar as causas de óbitos de forma discriminada e estruturada. Muitos dos óbitos associados ao Covid-19 resultaram da falta de assistência e morreram em casa sem nenhum apoio. Noutras situações, bastou aos doentes terem teste positivo na admissão aos hospitais ou durante o internamento, para serem contabilizadas como óbitos do vírus. Também a gravidade da pandemia nos idosos foi empolada pela DGS com o objetivo de pressionar os pais a vacinarem os seus filhos.
Os dados apresentados no relatório do Instituto Nacional de Saúde DR. Ricardo Jorge (INSA), divulgados em 2022, demonstram que, afinal, as taxas de mortalidade durante o triénio da pandemia (2020/21/22) estiveram a um nível mais baixo do que aquelas que, por norma, se registaram em 2013 e nos anos anteriores. Refira-se que o número total de mortes por infeções pulmonares em 2020, foi de 7125. Dando como termo comparativo o ano de 2012 (sem Covid), as infeções pulmonares foram responsáveis por 6795 óbitos. E quanto aos dados também já conhecidos sobre o impacto do Covid nas crianças, adolescentes e adultos juvenis, sabemos que o risco de vida foi nulo.
Acresce que segundo a OMS, as mortes provocadas pelo Covid-19 no mundo foram cerca de 14 milhões, sendo que as mortes provocadas anualmente por doenças cardiovasculares são cerca de 18 milhões e pelo cancro cerca de dez milhões.
Refira-se neste contexto que o Ministro da Saúde, Manuel Pizarro, após várias tentativas levadas a cabo pelo jornal Página Um, foi ultimado pela Justiça a divulgar dados relativos aos internamentos durante a pandemia.
Há poucos dias, uma petição do histórico jornal Le Parisien obrigou o Ministério da Saúde Francês a revelar o resultado de uma auditoria à pandemia. Em França, o obscurantismo governamental também tem vindo a ser derrotado nos tribunais administrativos, assim como o Página Um o fez em Portugal, sendo este o único jornal português que recorreu aos tribunais para aceder a informação escondida pelo governo de António Costa.
Finalmente foi anunciada a não obrigatoriedade do uso da máscara, em Portugal.
O seu uso foi objeto de controvérsia nos meios académicos, os quais, no geral, defendiam que a sua utilização excessiva era prejudicial, sobretudo, para quem sofria de problemas respiratórios. Assim sendo, a sua utilização foi preconizada pelas autoridades de saúde sem base científica consistente, antes, durante e após a pandemia. Com efeito, o artigo publicado há poucos meses na revista científica COCHRAVE esclarece que não há provas sustentáveis de que o uso da máscara seja benéfico.
Diga-se em abono da verdade, que “o pensamento único” começou a criar as suas raízes no tempo da pandemia, ao ponto de se considerar “negacionista” ou de se “perseguir” quem defendesse o contraditório ou tivesse dúvidas acerca da leitura oficial dos factos, apresentada pelo governo.
Note-se que o conflito russo-ucraniano tem vindo a reforçar “o pensamento único” e quem se tem vindo a aproveitar é a extrema-direita, que envereda pelo populismo, alegando falta de democraticidade.
PS: Os dados expostos neste artigo têm por fonte o jornal digital Página Um que, através dos tribunais, tem obrigado à divulgação pública de dados que estavam na posse da DGS e do INSA (Instituto Doutor Ricardo Jorge).