Estimados Assinantes, Anunciantes e Leitores
Após 13 anos da aquisição do título centenário do Jornal Correio da Feira, esta administração lamenta informar os feirenses da decisão de ordenar a suspensão da edição do Correio da Feira.
Outra preocupação não seria compreensível se esta administração não tivesse como prioridade a defesa dos direitos dos seus trabalhadores. Foi, é, e enquanto nossos empregados, serão sempre a nossa primeira prioridade. Razão pela qual nos obrigamos a analisarmos, com os trabalhadores, as possibilidades que surgiram para manter em banca o Correio da Feira.
Não tendo sido viável, resta-nos manter a decisão que há muito havíamos deixado claramente esclarecida junto da equipa Correio da Feira.
Certeza de que seria insustentável que o jornal voltasse a subsistir de um mensal patrocínio dos seus administradores.
São várias as razões que levaram de novo o jornal à sua insustentabilidade. Convém referir a primeira, como também convém referir que é a mesmíssima que leva à insustentabilidade de muitos outros títulos, dezenas, centenas de muitos títulos neste país e por esse mundo fora.
O número de assinantes é insuficiente para manter um jornal em actividade. Diariamente há desistências. Cada vez há menos e menos leitores interessados em assinarem, ou manterem a sua assinatura na imprensa profissional. Há um contínuo desrespeito pela profissão de jornalista. Poucos, e por isso insuficientes, estão interessados em pagar para se fazer informação profissional e isenta.
Num doente, esta seria a primeira e a mais fatal das infecções. Ainda que todas as outras infecções fossem combatidas com sucesso, esta só por si, certamente levaria à morte do paciente. E, na verdade, é a que nos mata.
Concluindo, somos todos, enquanto sociedade, quem está a assinar o óbito da Imprensa.
Portanto, como sociedade, assumamos as nossas responsabilidades!
E na morte não é costume falarmos mal do morto. Arranjamos muitas desculpas, pois a morte tem sempre uma desculpa, muitas, muitas e muitas e aí depositamos todas as culpas e …
Assim sendo, resta-nos os agradecimentos sinceros.
Agradecer ao Correio da Feira.
Enquanto administradores deste título regional e centenário crescemos mais, aprendemos muito e como em tudo o que fazemos, tivemos enorme satisfação.
Pegámos num jornal moribundo e prostituído e fizemo-lo um jornal profissional, isento e livre. Trabalho esse reconhecido pela imprensa que lhe outorgou um prémio nacional, reconhecendo-o como o melhor jornal regional nacional.
Não haja dúvida. Fora as falsas modéstias. Estamos orgulhosos.
Estamos equipa: Patrões, empregados, papéis e lapiseiras, até as borrachas.
Contudo, há que confessar que o que mais nos satisfez e a única razão que nos empurrou na continuação, quando a lógica empresarial nos ordenava o encerramento da empresa foi sempre o gosto de ao entrar diariamente nos escritórios, observarmos a jovem equipa entusiasmada com os afazeres da sua arte.
O fulano, a sicrana (para não mencionar nomes de vivos tão queridos neste ‘obituário’) a trabalharem, empenhados em darem o seu melhor, certos de que com a sua pena e tinta gasta os feirenses estavam mais bem informados.
Tudo o que de menos bom possa ter acontecido foi sempre absorvido, tragado por esta enorme satisfação, da qual estamos gratos, muito mesmo.
Gratos a todos e a tantos os que sempre nos apoiaram. Com a sua assinatura, com a sua publicidade, com as suas críticas. A todos aqueles que ao exercerem o seu papel de leitores contribuíram para a continuidade do jornalismo e da razão da Imprensa.
É com este sentimento sincero que nos queremos despedir de todos vós;
GRATIDÃO por tudo o que recebemos.
Jorge de Andrade
Paulo Fonseca
(Administradores)