Espaços verdes
Opinião

Espaços verdes

Como cidadão atento aos problemas ambientais, não posso deixar de ter uma atitude crítica quer pela positiva quer pela negativa relativamente a esta temática.

Continuo a observar situações de podas radicais em muitas árvores ornamentais em ruas e praças de Santa Maria da Feira, levando-as, em muitos casos, à morte. Para se ser um bom jardineiro, tem muito que se lhe diga. O facto de terem aprendido determinadas técnicas e sempre fazerem da mesma maneira não significa que sejam as melhores práticas. É necessária uma aprendizagem contínua. Há países com licenciaturas em jardinagem porque, mais uma vez, tem muito que se lhe diga. Não podemos continuar a considerar a profissão como uma atividade menor e que qualquer pessoa é capaz de fazer.

Por vezes bastava deixar a Natureza fazer o seu caminho, dando-lhe apenas um pequeno ‘empurrão’. No novo passadiço das Guimbras foram plantados, e muito bem, salgueiros, sabugueiros, sanguinhos de água etc. Por que motivo quando estas e outras espécies nascem nos taludes das estradas, nos nós das autoestradas ou rotundas, não são aproveitadas? São plantas nativas, espontâneas, que a Natureza tão generosamente oferece, sem gastos de sementeira e plantação. Bastava que as deixassem crescer.

Constato também que, nos tempos que correm, a Câmara da Feira ainda usa herbicidas para matar a vegetação dos passeios ou taludes. Há algum tempo, ouvi o senhor presidente da Câmara no programa Biosfera dizer que, agora, e muito bem, deixam crescer a vegetação herbácea em determinados espaços, durante a Primavera, para alimentar as abelhas e outros insetos. Penso que é uma incoerência. Por um lado, deixam a vegetação herbácea crescer para que possa florir e, por outro, usam herbicidas que, todos sabemos, para além de matarem as plantas, irão contribuir também para matar os insetos. Verifiquei isto, por exemplo, durante uma caminhada que fiz pela estrada que dá acesso ao Europarque. Numa transversal a esta também podemos observar as podas assassinas que infligiram às bétulas aí plantadas.

Ainda próximo deste local, sugiro aos Feirenses que reparem como está belo o nó da autoestrada que dá acesso ao Europarque com os seus bonitos freixos e carvalhos. Estaria igualmente belo se fossem salgueiros, sabugueiros ou sanguinhos. Sugiro também que comparem este nó com o que está mais abaixo, o de Maceda, despido de árvores e invadido pela erva das pampas que alguém, sem conhecimento e sensibilidade, se lembrou de semear nos taludes da A29 e em muitos outros locais. Uma praga que obriga a gastar milhões de euros e dificilmente será erradicada. No país os nós das autoestradas representam milhares de hectares que podiam estar belos como o que atrás referi e estão simplesmente despidos ou com espécies invasoras.

Não é preciso gastar milhares de euros com “obras de arte”, algumas delas de gosto duvidoso, para colocar nas rotundas, quando bastava plantar uma ou duas árvores, ou deixar que as autóctones que nascem não fossem eliminadas.

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