Feirense dividido
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Feirense dividido

Sessão de esclarecimentos sobre o imbróglio que opõe o clube e a SAD deixa a ideia de que também entre os adeptos as posições estão extremadas

Sucedem-se em catadupa os novos desenvolvimentos relacionados com o litígio entre o clube e a SAD do Feirense. Depois da tomada de posição da direção do Feirense de impedir as equipas da SAD de utilizarem as instalações do Estádio Marcolino Castro e do Complexo Rodrigo Nunes, alegando dívidas de cerca de 700 mil euros, o imbróglio ganhou, naturalmente, novos contornos com o início das provas oficias, com a equipa principal do Feirense a realizar os seus dois primeiros jogos da Segunda Liga, na condição de visitado, em casas emprestadas, nomeadamente no Estádio Carlos Osório, em Oliveira de Azeméis (2-0, frente ao Penafiel) e no Estádio do Bessa Séc. XXI (0-2, frente ao Santa Clara).

Uma situação que, obviamente, originou várias reações entre os aficionados do emblema de Santa Maria da Feira, uma das mais recentes, e de maior impacto mediático, a de um ilustre do Clube Desportivo Feirense, o treinador Pedro Martins, através de carta aberta.

O técnico, que continua a sua carreira internacional no Al-Gharafa, do Catar, que como jogador fez a sua formação no Feirense, clube onde iniciou também a sua carreira como profissional — em sénior, representou os fogaceiros durante seis temporadas —, na referida carta aberta pediu que “haja contenção” por parte dos presidentes da SAD e do clube, mostrou-se disponível para “colaborar na busca de soluções para estes problemas” e considerou “inadmissível” que o Feirense não jogue no Marcolino Castro.

O presidente do clube, Rodrigo Nunes, respondeu depois a Pedro Martins com desagrado, mostrando “estranheza” por este não lhe ter telefonado antes, e convidou o técnico a participar, por videoconferência (o que veio a suceder), na sessão de esclarecimentos realizada na terça-feira, 12 de setembro, no Cineteatro António Lamoso.

Perante cerca de 300 sócios e adeptos do Feirense, Rodrigo Nunes garantiu que a SAD tem ainda por liquidar. “629 mil euros”. “Talvez um milhão, se formos rigorosos, mas 629 mil euros. Após descontos, fica por 449 mil. Até falámos em pagarem 400 mil euros, mas mesmo assim não pagam”, referiu, lembrando que vedar as instalações à SAD foi “uma decisão dos sócios”.

Sobre a providência cautelar que a SAD interpôs ao clube para que possa voltar a utilizar o Estádio Marcolino Castro e o complexo desportivo, Rodrigo Nunes acusou-a de “arrogância” por esta achar que a mesma se “resolvia numa semana”.

Posições extremadas, mas também pontos em comum

Durante a sessão de esclarecimentos, assistiu-se a uma sala dividida em opiniões (muitas vezes extremadas), uma parte do lado da posição do clube em impedir a utilização das instalações até que a dívida seja saldada, mas também uma outra contra, nomeadamente no que respeita a esta medida, ou seja, entendo que o Feirense deve continuar a jogar no Marcolino Castro e a treinar no complexo desportivo.

Mas também existem pontos em comum entre todos os adeptos, em particular o facto de estarem preocupados que estas posições — de clube e SAD — possam vir a prejudicar seriamente uma instituição centenária. Ainda assim, segundo as novas leis, não é possível que o Feirense se torne num caso idêntico aos do Belenenses/BSAD ou Vilafranquense/AVS.

Viagem à Madeira

No meio deste turbilhão de instabilidade, a equipa sénior segue a preparação para mais uma jornada da Segunda Liga, a quinta, em que os fogaceiros se deslocam à Madeira para defrontar o Nacional, em partida agendada para sábado, 16 de setembro, às 14 horas.

Após duas derrotas seguidas, o técnico Ricardo Sousa — que também já se manifestou publicamente sobre a situação do clube vs. SAD, admitindo que a equipa está a ser prejudicada por não poder utilizar o estádio e complexo desportivo — poderá apresentar algumas novidades no 11 inicial, inclusivamente com o regresso a um sistema com três centrais.

João Costa, Cláudio Silva, Lucas Silva, Henrique Jocú e Ndione são alguns dos candidatos à titularidade.

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Nélson Costa

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DIRETOR | Jornalista de formação e por paixão. Curioso, meticuloso, bom ouvinte, observador até das próprias opiniões.
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