Inteligência Artificial: presente envenenado?
Opinião

Inteligência Artificial: presente envenenado?

Tudo o que ‘ontem’ era ficção, hoje é realidade. Tarefas, que sempre julgávamos de exclusivo desempenho do ser humano, depressa têm a concorrência de ferramentas que o substituem, inapelavelmente. De nome IA (Inteligência Artificial), é a inovação, que flui de sucessivos avanços do homem, para o qual a conquista do esotérico é um atraente e vibrante desafio.

Hoje ouvir-se falar de I.A. já é o dia a dia das notícias e conversas e se, por ora, possa ter pouca aplicação no comum dos mortais, sabe-se que a sua grande interrogação reside no impacto que possa vir a ter, tanto na sociedade, quanto na economia, como na vida, em geral. Aponta-se como um dos mais importantes, o avanço na área da saúde, no que respeita ao acelerar da pesquisa médica, que só por si, parece justificar a descoberta. Porém, levantam-se algumas questões que, não a tornando polémica, não deixam de ser bem discutidas. E se se pensar nas   vulnerabilidades criadas pelo aumento da dependência em sistemas inteligentes, a atenção e curiosidade redobram.

Recentemente, foi notícia o acordo do Conselho e Parlamento europeus em medidas que visam minimizar os riscos da IA, numa maratona de negociações em cima de uma lei, que Bruxelas já havia proposto em Abril de 2021. Confesso a minha ignorância em julgar ser a IA ‘coisa’ do momento. E tal é a importância do tema que o referido acordo foi considerado um ‘momento histórico’. Será que não estamos diante de uma das maiores conquistas do cérebro humano? Outras, de cariz também importante, já as vimos nascer, crescer e mudar, por completo, o nosso “modus Vivendi”. Mas o que se discute são riscos e procuram-se entendimentos, porque esta assume limites para além dos quais será muito difícil fazer cálculo sobre consequências, mesmo admitindo-se poder, por princípio, caber na doutrina do ‘bem-fazer’. Há uma velha máxima que diz que o limite da competência é a incompetência e, a ser verdade, começo a convencer-me da sorte que tenho ao não ter tempo para a ver chegar.

O que parecia ser apenas matéria ligada à ciência dos computadores, poucos imaginavam que uma das capacidades de monta, da electrónica que a usa, seria funcionar de forma a lembrar o pensamento humano. Mas que grande vitória!… Será??

A atracção pelo impossível faz o cérebro humano chegar a limites impensáveis, abrindo, de par em par, a possibilidade de presentear o futuro com novos paradigmas. O mundo, quanto a mim, jamais será igual. Há um sonho que se materializa pelo ritmo imparável, segundo a segundo, das conquistas. Só não se sabe, se para melhor, se para pior, quando se admite ser a tendência incapaz de evitar o apagar dos vestígios de tudo o que está para trás!! Então se o propósito, como já li, será criar um mundo novo e, até, um homem novo, será que é para melhor, ou para pior?  Então, quando tudo estiver automatizado, e todas as funções a serem desenvolvidas pela IA, será isso melhor, ou será pior? A Inteligência Artificial está aí. Entrou pela porta grande, de mão dada com a incontrolável ambição do ser pensante, que só busca a inovação. Chegou para nos substituir em funções, cada vez mais complicadas. Então, não se vêem já carros a circularem sozinhos e robôs nos blocos operatórios?  E o que acontecerá, quando for possível a robotização do cérebro, trocando os neurónios por implantes? Então…e a nossa memória? E os sentidos? Será que não vão pelo mesmo caminho? Até que ponto é que toda esta civilização, que conhecemos, não desaparecerá!

Exagero?!

Valha-nos a teoria ficcionada de José Rodrigues dos Santos, que conclui pela imortalidade quando a fusão do Homo sapiens, com as máquinas, fizer história.

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Domingos Oliveira
COLUNISTA
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