Lucros milionários da Indaqua são ‘especulativos’ para o consumo de um bem de primeira necessidade
Opinião

Lucros milionários da Indaqua são ‘especulativos’ para o consumo de um bem de primeira necessidade

Os lucros milionários da Indaqua, são conseguidos à custa da exploração de um bem de primeira necessidade: ‘consumo de água e drenagem dos esgotos’. É do conhecimento público que os lucros no último ano, 2023, rondam os dez milhões de euros. Há mais de 20 anos, os vereadores do Partido Socialista, do qual fazia parte, votamos contra, pois não concordávamos com a concessão dos serviços municipalizados de água e saneamento a privados, porque os seus interesses visam naturalmente o lucro.


O PSD maioritário na Câmara e Assembleia Municipal, teimosamente, avançou com a celebração de um contrato que se tornou ruinoso para os feirenses, consumidores dos serviços de água e saneamento. Os chorudos lucros que enchem os cofres da Indaqua resultam de uma intervenção municipal anémica/submissa sem exigir uma renegociação viril, séria e justa, sujeitando-se a comer e calar, tudo que o concessionário impõe! Por seu lado, laconicamente, a Câmara Municipal diz que não lhe compete defender os interesses da empresa. Mas, se atentarmos nos valores cobrados pelos mesmos serviços de água e saneamento do município de S. João da Madeira, os nossos são em média, quase o dobro que o nosso vizinho cobra! Assim se explica, como são obtidos lucros escandalosos com a venda de um bem de consumo de primeira necessidade. A Câmara municipal não pode fazer conta que não vê esta realidade!


Além disso, os feirenses chegam a ser ameaçados com sanções pecuniárias, caso não procedam as ligações redes de abastecimento de água e saneamento das suas casas! Porém, as mesmas ameaças, não são manifestadas, quando existe rede de água nas habitações e falta a rede de saneamento. Isto acontece, porque o saneamento não dá tanto lucro! Além disso, todo o executivo municipal tem estado muito apático aos valores das taxas, escalões, custo da água, e dos contadores que tornam o nosso concelho com os valores da factura da água e saneamento mais altos do país. A título de exemplo, um escritório com uma sala com um consumo de 1m3 de água paga cerca de 25 euros por mês. Uma habitação T3 com consumos de 5m3 de água paga 27 euros por mês.


A indiferença da Indaqua como trata os consumidores que aderiram ao pagamento da factura com envio por correio eletrónico. Com este procedimento, resulta uma poupança pois deixam de ser pagos os custos por via correio normal! Todavia, os consumidores foram tratados com insensibilidade ao contrário de outros serviços de eletricidade, gás etc. Apesar de não terem qualquer compensação da Indaqua, os consumidores ficam com o conforto cívico de serem amigos do ambiente!


Outra situação, já desmascarada num artigo semelhante, trata-se do calibre dos contadores que são colocados em pequenos estabelecimentos, escritórios, etc., cujos diâmetros consumos são superiores ao necessário, onde o consumidor paga mais do que é necessário…eu próprio, fui vítima de uma situação semelhante que durante mais de 20 anos, pois paguei centenas de euros indevidos, porque o contador instalado, tinha um calibre superior ao que era necessário!


Quanto a tarifas socias, era bom que que fosse do conhecimento público quantos são os consumidores abrangidos, pois o contrato de concessão a isso obriga. Quanto ao custo do m3 de água e saneamento, os feirenses olham para os restantes concelhos do país e sentem-se enganados.
Concluindo, os nossos responsáveis autárquicos têm de defender os interesses dos seus munícipes, não podem fingir que não é nada com eles. Esperamos por esclarecimentos rigorosos destas situações que engordam a concessionária privada à custa dos bolsos dos feirenses, com a comercialização de um bem de primeira necessidade (água e saneamento).


Por último, era importante, que esse ‘prestar de contas’, deixasse de continuar no segredo dos Deuses, pois são poucas as empresas que a venderem produtos de interesse público e de primeira necessidade sejam tão lucrativos! Mais, quem se der ao cuidado de analisar as parcelas das facturas que recebe mensalmente em casa encontra números de onde tira a seguinte conclusão.
Viver em Santa Maria da Feira, que mesmo que não gaste água 1m3 de água, paga-se em média 300 euros por ano!…Trata-se de uma factura muito pesada no orçamento familiar, em especial para as mais famílias mais carenciadas!

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António Cardoso

Antonio Cardoso
COLUNISTA
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