Conhecida por Micas do Carvalho, a idosa ouviu os parabéns, cantados por família e amigos, no dia em que completou um século de vida, a 12 de dezembro de 2023. Foi costureira anos a fio, tendo ainda dedicado parte do seu tempo à Igreja Católica
Nasceu, cresceu e viveu toda a vida na freguesia de Rio Meão. Maria de Sá Ferreira atingiu a longevidade que poucos atingem, mostrando-se de boa saúde física e mental.
Oriunda de uma família de seis irmãos, a vida dividiu-se entre o trabalho doméstico, como modista e as tarefas na igreja. “Não deixava o meu trabalho em casa para ir para a igreja, mas fazia muitos trabalhos por lá. Varria duas vezes por semana o soalho da Igreja Matriz; enfeitava o altar de Nossa Senhora do Rosário; aos 18 anos, fui consagrada filha de Maria; e pertencia ao coro”, enumera, sem esquecer as funções como catequista. “Fiz parte da Juventude Católica e dei catequese muitos anos. Levei muitos meninos até ao Crisma”, atira a idosa, que sempre se envolveu nas atividades desenvolvidas na freguesia de Rio Meão, nos períodos em que não estava na máquina de costura.
O curso de modista tirou numa casa de freiras em Paços de Brandão, tendo posteriormente ensinado muitas jovens a costurar. “Tinha máquina de costura em casa e recebia os fregueses, que queriam que fizesse fatos, vestidos, calças… E ainda ensinei raparigas a costurarem, que me vinham pedir de outros lugares e freguesias. Fazia de tudo, tinha sempre muito trabalho e pessoas a ajudarem-me, a pregarem-me botões e a fazerem-me as bainhas”, conta, garantindo que a costura a permitiu preservar-se melhor. “Conservei-me mais porque nunca ia para os campos, como os meus irmãos, estava sempre à volta da máquina de costura. Agora é que já não coso nada, já estou aborrecida de tanto coser”, atira, entre risos.
Atualmente, já só tem a companhia de um dos irmãos, vivendo em casa dos sobrinhos, que tratam em pleno da matriarca da família, que tem tido o privilégio de envelhecer saudável. Nunca foi operada e poucas foram as vezes em que necessitou de ir ao hospital. “Para já, estou bem de saúde. Só um joelho é que entorta já um pouco, mas é próprio de quem tem muitos anos. De vez em quando, vergamos”, diz, do alto dos seus 100 anos.
A Maria de Sá Ferreira já muitos lhe pediram a receita para a boa forma, mas não a sabe precisar. “Na catequese, diziam que não sabiam o que a Micas comia e bebia, porque estava sempre elegante. Como o que os outros comem, arroz, massa, batatas, carne… vinho é que bebo pouco, só à base de águas e sumos”, partilha a idosa, que nunca teve ‘dores de cabeça’ com homens. “Sou solteira, nunca namorei e sempre fui feliz”, refere sobre os “100 anos de uma vida tão bem vivida”, que muitos amigos e conhecidos fizeram questão de parabenizar neste dia tão especial, através de mensagens e telefonemas.