Não nos acomodemos, nada nos está garantido!
50 Anos do 25 de Abril Mensagens da Administração

Não nos acomodemos, nada nos está garantido!

Caros Leitores,
No passado 11 de Abril festejámos os 127 anos de vida deste jornal regional feirense, e a 25 do mesmo mês os 50 anos de uma revolução que transformou não só Portugal, como tudo e todos os que se encontravam sob a sua influência.
Um país que se revolta e um jornal que nasceu para despertar mentalidades com propostas de mudanças.
Com o devido conhecimento dos factos históricos, cada um que faça a sua avaliação e daí retire uma opinião. Mas para isso é essencial estudarem, lerem a história devidamente documentada.
(Nada pode ser tão bom. Nada pode ser tão mau.)
À data que escrevo há uma verdade incontestável e nessa área vou basear estas minhas palavras.
É incontestável, um facto. Uma série de direitos foram adquiridos pela sociedade portuguesa, que até à revolução estavam condicionados, recusados, no mínimo, disponíveis a uma classe privilegiada.
Um deles era o da escrita. O de uma imprensa livre, onde não só o profissional pode informar sem condicionalismos, mas também o cidadão pode exprimir a sua opinião, sem que com isso seja incomodado pelo poder soberano do Estado.
Infelizmente, há e persistem os ‘ditadorezinhos de condado’, que não pondo directamente as forças do Estado perseguindo quem os critica, servem-se do seu poder para condicionar, pressionar, lesar quem deles tem uma opinião diferente, ou simplesmente aponta caminhos diferentes. Para estancar a proliferação desses indivíduos e tudo o que depois vem a seguir a esse fenómeno negativo das sociedades é preciso estarmos atentos:
1-Não há regimes democráticos perfeitos. A perfeição é algo que não existe. Todos os dias temos de encontrar uma forma melhor de actuarmos, connosco e para com os outros…
2-Não há regime que sempre dure. Se o actual não é o perfeito, acreditem que pode ficar bem pior, se cada um de nós não fizer diariamente por ser um melhor cidadão e com isso dar um contributo para a sociedade onde se encontra inserido.
3-Nos regimes não há culpados. Se o regime está saudável ou doente é simplesmente um reflexo da sociedade que o representa.
A comemoração, que passa por recordar o que se tinha, o que se ganhou e o que se perdeu, deve também ser um forte abanão para a sociedade que se acomoda, alertando, principalmente as gerações mais novas para o perigo que é deixarmo-nos cair na falsa tranquilidade de direitos garantidos. Exige de todos nós, diariamente, o dever da obrigação de estarmos atentos e de ajudarmos a curar, sermos cura ou instrumento da cura.
Estou certo de não haver melhor altura para recordar os Feirenses de que o Correio da Feira, ao completar os 127 anos de existência, no ano 50 deste regime democrático, é hoje mais do que em outra altura da sua existência um órgão da comunicação social que dignifica o regime que consideramos democrata (mesmo que imperfeito), o mesmo que apesar de incompletamente democrático, vive sem se acomodar ao que ontem adquiriu, apresentando-se como um regime em constante reforma.
A importância de termos um jornal como o Correio da Feira, que não se serve, mas apresenta-se ao serviço da informação, isento e profissional, é irrelevante nas sociedades acomodadas. Contudo, recorreremos a esses órgãos da comunicação social quando o regime democrático, doente, cansado e moribundo apresentar à sociedade o seu último grito de alerta.
Então, tardiamente, valorizaremos.
Cansado de escutar, ainda para mais de vozes que brotam de bocas que tudo fazem para aniquilar a frágil democracia, essa mesma que se tem mostrado forte, de que a democracia se alicerça numa imprensa livre e forte, não tenho dúvidas que os tempos que vivemos nos obrigam a fazer esta reflexão:

“Qual o meu contributo?”
Não posso terminar sem deixar um agradecimento à Câmara Municipal de Santa Maria da Feira pelo desafio que nos lançou na pessoa do senhor presidente, representado pela minha querida amiga Ana José Oliveira, e Ana Carvalhinho, para a realização desta edição especial.
Agradeço, agradecemos todos a confiança depositada nesta pequena equipa, que sem falsa modéstia penso sinceramente ser merecida.

“Pela Pátria lutar!

Contra os canhões marchar, marchar!”

Jorge de Andrade

Administrador

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