“O mercado municipal foi um ‘balde de água fria’”
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“O mercado municipal foi um ‘balde de água fria’”

O Município promoveu uma visita à obra de requalificação do mercado municipal, na qual apresentou o novo modelo de gestão deste espaço. A requalificação deste edifício, classificado como Monumento de Interesse Público e Histórico, encontra-se sobre a execução do arquiteto Bernardo Távora, filho de Fernando Távora, que projetou a obra em 1953. Ora, após visita à obra, Sérgio Cirino concluiu que “o mercado municipal foi um ‘balde de água fria’”, por estar “igual ao que era”.


“Pode ser que o plano de dinamização ajude, mas não será fácil. Ou é um monumento e não podemos fazer nada, ou é um mercado e podemos. Pela Europa, temos mercados com 300 anos que foram evoluindo. Temos de adaptar as instalações ao que se vende, sob pena de ser difícil funcionar algum dia. O Mercado do Bolhão, no Porto, teve uma intervenção imensa, por exemplo. Tudo é passível de evolução. Respeito que seja um monumento, mas quando é não se pode meter muita coisa no interior. Queremos o impossível: ser monumento e ter um mercado a funcionar. Parece-me difícil porque ninguém está cinco horas a vender fruta com o frio proveniente das aberturas. A realidade é mais dura”, opinou.


Sérgio Cirino espera que haja “engenho para conseguir [colocar a] fervilhar” o espaço, contudo, admite que “com aquelas condições, não será fácil ter pessoas”. Para terminar, o socialista abordou a “falta de acessibilidade interna para pessoas de mobilidade/condicionada ou carrinhos de bebé, ou seja, entre os dois patamares”. Parâmetro que Amadeu Albergaria garantiu que ia verificar, depois de se ter mostrado em desacordo com o referido pelo vereador socialista.


“É preciso dar explicações para que tenham consciência do que está em jogo. Tratou-se da recuperação integral de um património. É um monumento que vale muito e sabíamos que não podíamos fazer uma intervenção que descaracterizasse toda a parte arquitetónica. O que se levanta é o seu modelo de funcionamento. Conhecemos perfeitamente os outros mercados, mas alguns deles transformaram-se em praças alimentares comuns, sem grande diversificação, a não ser para responderem ao turismo de massa, nomeadamente em Lisboa e no Porto”, replicou, acrescentando que é necessário “programar e trabalhar o mercado municipal para o concelho e cidade de Santa Maria da Feira”.

Mercados mensais temáticos, como o mercado do mel, mercado da gastronomia, das colheitas e do magusto são algumas das novidades já anunciadas que vão fazer parte do novo modelo de gestão do renovado mercado municipal, e que conferem certezas a Amadeu Albergaria: “tenho a convicção de que é difícil, mas que vamos transformar o mercado num caso de sucesso. É possível que o mercado tenha um funcionamento adequado à realidade de Santa Maria da Feira, respeitando o facto de ser um edifício classificado e uma obra emblemática da arquitetura portuguesa”.

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Márcia Soares
JORNALISTA | Licenciada em Ciências da Comunicação. A ouvir e partilhar as emoções vividas pelas gentes da nossa terra desde 2019.
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