Na última Assembleia Municipal de Santa Maria da Feira, os eleitos do PSD chamados a pronunciar-se sobre as condições de recolha dos esgotos nos locais onde não existe rede pública de saneamento, impediu que os custos fossem iguais para os munícipes abrangidos ou não com saneamento! Como resultado dessa injustiça, os cidadãos que ainda não têm rede pública de saneamento, pagam valores exorbitantes na recolha “arcaica” dos esgotos através do limpa-fossas relativamente a quem tem saneamento básico.
Naturalmente que estes custos têm muito significado nas classes mais desfavorecidas, o que mostra a insensibilidade dos nossos responsáveis municipais. Esta situação agrava-se, pois impunemente assiste-se em muitas zonas do Concelho ao despejo dos esgotos de forma criminosa na rede de águas pluviais. Isso acontece, por exemplo, na Urbanização da Gândara, em Pigeiros, lugar onde resido. Estes atentados ambientais manifestam o subdesenvolvimento do nosso Concelho. Urge combater este flagelo com medidas pedagógicas de incentivo a ligações dos fogos onde existe rede de saneamento e mais justiça para com os cidadãos onde ainda não chegou o saneamento.
Permitir que a Concessionária preste o mesmo serviço (recolha de saneamento) com custos diferente é discriminar os Feirenses que pagam os seus impostos municipais sem qualquer restrição devido à falta de saneamento. Esta inaceitável decisão da Câmara e dos membros do PSD na Assembleia Municipal é uma proteção dos interesses da Concessionária – Indaqua. Este mau exemplo mostra a farsa do papel dos membros da Assembleia Municipal que apoiam o partido que governa a Câmara Municipal da Feira. Comportam-se como uma correia de transmissão indiferente a decisões aberrantes da Gestão Municipal. Não se conhece iniciativas que valorizem o trabalho político dos eleitos do PSD. Estes, sem ação política e pensamento próprio, branqueiam a inegável evidência de factos pouco dignificantes para os Deputados Municipais, como é o caso da situação presente.
Mas, não ficamos por aqui, temos outro triste episódio do rescaldo da última Assembleia Municipal. Nas alterações ao Regimento, esperava-se um sinal de modernidade com a aproximação aos cidadãos, de privilegiar o debate político, ouvindo a sociedade Feirense, facilitando a participação do público na Assembleia Municipal, à semelhança do que acontece na reunião mensal da Câmara Municipal no período destinado aos munícipes. Mas a desilusão manteve-se, os eleitos do PSD na Assembleia Municipal impediram uma vez mais que essa mudança acontecesse. Assim, quem quiser falar na Assembleia Municipal para colocar questões de interesse concelhio, só será ouvido no fim da reunião, isto é, lá para 2, 3 horas da madrugada!.. Para a maioria das pessoas este horário é pouco adequado a gente decente! Estas atitudes só servem para descredibilizar a política, pois fica a imagem que os políticos têm medo de ouvir os cidadãos. Resumindo, a imagem da Nova Assembleia Municipal foi uma profunda desilusão, pois mantém os mesmos vícios que as anteriores, a maioria dos seus eleitos continuam a não credibilizar a política, o debate público, a diversidade de opiniões, etc. indiciando que as ideias diferentes devem ser silenciadas e colocando obstáculos à participação dos cidadãos!.. Esta gente prefere falar sozinha, pois não se sente bem a discutir os interesses das pessoas. Com este entendimento sobre a participação dos cidadãos, os eleitos do PSD dão um mau exemplo de cidadania. Preferir reuniões vazias, aborrecidas, sem conteúdo leva a deduzir que o órgão Assembleia Municipal é uma “seca” para a maioria dos eleitos do PSD. É uma acusação muito grave, mas: “Quem não quer ser lobo não lhe veste a pele”.
Os cidadãos feirenses têm muita dificuldade em perceber estes tiques autoritários e prepotentes do quero posso e mando!… Pode ser que estas práticas de excesso de confiança corram mal ao PSD/Feira, como aconteceu nos concelhos vizinhos de S. João da Madeira e Oliveira de Azeméis!.. a “fruta apodrece e cai de podre”.
António Cardoso,
Membro da Comissão Política Concelhia e Distrital do Partido Socialista