O que está a impedir a execução do projeto de reabilitação do rio Uíma?
Opinião

O que está a impedir a execução do projeto de reabilitação do rio Uíma?

O rio Uíma é um afluente da margem esquerda do rio Douro, cuja bacia hidrográfica ocupa uma área de cerca de 72 km2. Nasce no lugar de Duas Igrejas, na freguesia de Romariz, concelho de Santa Maria da Feira e tem a sua foz em Crestuma, no concelho de Vila Nova de Gaia, ligeiramente a jusante da barragem de Crestuma-Lever. A bacia hidrográfica do rio Uíma é um dos principais locais de valor paisagístico e ambiental do concelho de Santa Maria da Feira” (fonte: município de S. Maria da Feira)

Face às recentes alterações climáticas, os nossos recursos hídricos, têm sido significativamente afetados em termos de disponibilidade e de qualidade. Em Portugal, particularmente no Baixo Alentejo e Algarve, a situação é preocupante, pois é esperada uma diminuição da precipitação, que a conduzirá a uma maior escassez hídrica, com consequências óbvias, traduzidas em severas situações de cheia e de seca.

Nos últimos anos, temos assistido a uma alteração muito significativa na nossa consciência coletiva, de que o “clima está diferente”.

​Consciencializada das consequências dos efeitos das alterações climáticas, a Autarquia está a desenvolver no rio Uíma, (o curso de água mais importante do Concelho), um projeto faseado, cujo objetivo principal é a reabilitação de todo o rio. Na primeira fase do projecto, a área abrangida refere-se à bacia hidrográfica, que se situa nas zonas de relevo mais acidentadas a nascente (Romariz/Pigeiros), e nas zonas onde predominam declives mais suaves a poente (freguesias de Fiães e Lobão).

Esta prudente iniciativa, enquadrada na gestão integrada dos recursos hídricos, pretende mitigar as alterações climáticas afectadas pelas diversas alterações na rede das linhas de água que correm nas bacias do rio Uíma. Foram muitas as intervenções no uso dos solos, nomeadamente com a construção de redes viárias e outras operações urbanísticas designadamente a construção de habitações, zonas industriais, etc.

Perante esta realidade, é necessário desenvolver uma estratégia objetiva que dê respostas através de soluções concretas e que esses projetos não fiquem pelas boas intenções. É urgente implementar medidas que actualizem a cartografia da rede hidrográfica em especial junto à nascente do rio, onde se verificam bastantes alterações dos percursos das linhas de água que estão a enfraquecer a capacidade hídrica a nascente do rio. A construção da A32 (Zona do Morengal, na rotunda de acesso à A32, a travessia em Duas Igrejas), a Ligação viária de Pigeiros à ZI de Romariz/Pigeiros (corte e desvio de pequenas linhas de água), bem como na Zona Industrial de Romariz/Pigeiros. Devem ainda serem consideradas outras intervenções urbanísticas na bacia da nascente de Duas Igrejas e encosta poente do Monte Crasto, estão a prejudicar severamente o potencial hídrico da nascente. Perante estas violentas agressões, são precisas medidas urgentes de intervenção na proteção à nascente, alargadas a todas linhas de água existentes nos primeiros 3/4Km do Rio Uíma, a partir da sua nascente, como garante da vitalidade do seu caudal.

De imediato, antes que os danos sejam irreparáveis, a actual cartografia da rede hídrica do Rio Uíma, deve ser devidamente corrigida tendo em vista a aplicação de medidas de proteção na envolvente da sua nascente.

Existem outros dados a considerar, com destaque para a diminuição dos consumos de água na agricultura nos últimos 30 anos, cuja estabilidade do caudal do rio no Verão não se verifica! Quanto à qualidade da água espera-se melhorias, dado que foram iniciadas as obras de saneamento na Urbanização dos Freixieiros. Perante estas preocupações ambientais, cabe questionar?

– Será que os vigilantes do rio Uíma estão sensibilizados para o Projeto de reabilitação do rio Uíma?

– Será que “conhecem e vigiam toda a rede hidrográfica” da bacia do rio Uíma?

– Que estratégia está a ser desenvolvida pelo executivo municipal para a proteção do rio Uíma?

De igual modo, as Juntas de Freguesia de Romariz e de Caldas de S. Jorge/ Pigeiros, não podem ignorar esta realidade. Ou será que só estão preocupadas com a construção de passadiços junto ao Rio Uíma, esquecendo-se, que sem água os rios morrem e os passadiços deixam de fazer sentido!  

Os cidadãos querem ser informados e sensibilizados para as medidas de proteção que estão a ser aplicadas às linhas de água que sustentam o caudal do rio Uíma.

Concluindo, é tempo de passar das palavras, das ideias aos actos, no combate às alterações Climáticas. Urge proteger a bacia do rio Uíma que banha a princesa da Termas de Portugal!

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António Cardoso

Antonio Cardoso
COLUNISTA
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