Numa carta aberta, o treinador, natural de Santa Maria da Feira, tomou posição no imbróglio entre clube e SAD do Feirense
Depois da tomada de posição da direção do Feirense de impedir as equipas da SAD de utilizarem as instalações do Estádio Marcolino Castro e do Complexo Rodrigo Nunes, alegando dívidas de cerca de 700 mil euros, o imbróglio entre as duas ganhou, naturalmente, novos contornos com o início das provas oficias, com a equipa principal do Feirense a realizar os seus dois primeiros jogos da Segunda Liga, na condição de visitado, em casas emprestadas, nomeadamente no Estádio Carlos Osório, em Oliveira de Azeméis (2-0, frente ao Penafiel) e no Estádio do Bessa Séc. XXI (0-2, frente ao Santa Clara).
Uma situação que, obviamente, tem originado várias reações entre os aficionados do emblema de Santa Maria da Feira. A mais recente reação chegou de um ilustre do Clube Desportivo Feirense, o treinador Pedro Martins, através de carta aberta.
O técnico, que continua a sua carreira internacional no Al-Gharafa, do Catar, depois de pouco mais de quatro épocas ao serviço Olympiacos, da Grécia, onde conquistou três ligas e uma taça helvética, e que como jogador fez a sua formação no Feirense, clube onde iniciou também a sua carreira como profissional — em sénior, representou os fogaceiros durante seis temporadas —, na referida carta aberta pediu que “haja contenção” por parte dos presidentes da SAD e do clube e mostrou-se disponível para “colaborar na busca de soluções para estes problemas”.
Pedro Martins, que afirmou escrever como “ex-atleta”, mas também “como verdadeiro adepto, que tem o Feirense no coração”, começou por relembrar a história do clube centenário, que considera “uma referência a nível nacional” — apelidando-o de “mais do que um clube”, um símbolo de uma “identidade e de uma cultura” —, antes de lamentar que se veja o clube ser “arrastado para controvérsias em praça pública”. De seguida, o técnico, de 53 anos, dirigiu-se aos presidentes da SAD e do clube: “é imperativo que haja contenção”, sublinhando que “o símbolo que representam, e acima de tudo os valores inerentes ao Feirense, devem ser preservados e respeitados”.
O ilustre feirense considera, ainda, “inadmissível” que o Feirense não jogue no Estádio Marcolino Castro, ideia que alastra para o “espaço de treino [Complexo Rodrigo Nunes]”.
A terminar, Pedro Martins mostrou-se “inteiramente disponível para colaborar na busca de soluções para estes problemas”. “O Clube Desportivo Feirense é grande demais para ser palco de lutas de poder que em nada o beneficiam”, disse. Pediu, ainda, “neste momento tão adverso, redobrado empenho e dedicação” aos atletas e vincou “apoio incondicional” ao atual técnico do Feirense, Ricardo Sousa, que considera ter uma “tarefa gigantesca”, mas que acredita “irá conduzir a equipa por caminhos de sucesso”.
