Decorreu no passado fim de semana o Cascais International Health Forum, patrocinado pela Fórum Saúde XXI, onde houve a oportunidade de discutir e conhecer inovação, tecnologias da saúde, estudos atuais sobre o estado da saúde global e de Portugal, com um painel de oradores de renome internacional e nacional. Numa das conferências foi possível ter conhecimento sobre o Plano de Emergência para a Saúde do Governo da República, elaborado pela Task Force e coordenado por Eurico Castro Alves, tendo este apresentado o mesmo.
Do Plano constam dois pilares enquanto foco de atenção prioritária. Um – a acessibilidade do cidadão aos cuidados de saúde e ao sistema; e o outro os recursos humanos. No que diz respeito à acessibilidade, importa destacar o foco que merece o cidadão enquanto centro de tudo, e, consequentemente, dotar o Serviço Nacional de Saúde (SNS) com soluções e capacitação de resposta mais célere, eficiente e eficaz, numa premissa prioritária de solver, em particular, para as situações em que o tempo alvo máximo já foi ultrapassado e, muito especificamente, na área oncológica. Tenho que reconhecer que a existência de mais de nove mil portugueses e portuguesas a aguardar por uma cirurgia, ultrapassando todos os prazos recomendados, significando essa mesma cirurgia a diferença potencial entre a vida ou a morte, é absolutamente inconcebível.
Acompanho, por conseguinte, que, se no SNS não existem soluções, têm que se procurar no sistema nacional de saúde, setor social e privado, as devidas respostas que permitam defender os valores prioritários da proteção da vida e da saúde, verdadeiros preceitos constitucionais. Interessante foi também constatar que, mesmo antes da apresentação pública do Plano, o mesmo entrou em execução nesta área tão sensível, tendo sido referido que mais de mil concidadãos foram já operados, dos quais mais de 90% no SNS.
Ora, fácil é de perceber que, para além de um forte envolvimento das equipas de profissionais do SNS nessas instituições de saúde, e uma melhor organização, permitiram resolver rapidamente um número significativo de utentes oncológicos em listas de espera, nas quais o target máximo tinha já sido ultrapassado. Relativamente aos recursos humanos, percebe-se o reconhecimento da sua importância, valorização e retenção. Não é possível transformar o SNS, sem apostar nos seus profissionais. É fundamental que esta perspetiva seja transversal a todos os grupos profissionais, sendo crucial que as políticas desenvolvidas e executadas neste plano deem resposta às dificuldades do SNS e à defesa dos seus profissionais, com as devidas condições de trabalho e retributivas.
Apostar no acesso dos cidadãos à saúde e dos profissionais há muito que é dito, e o diagnóstico há muito que está feito. Não faltam as palavras, falta a concretização das mesmas. Os enfermeiros há muito que esperam ver executadas as palavras ditas, porque as palmas leva-as o vento…