Supressão de ciclovia em Paços de Brandão gera discórdia
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Supressão de ciclovia em Paços de Brandão gera discórdia

Ainda que com os votos contra do PS, o executivo PSD da Câmara Municipal aprovou os trabalhos a menos da empreitada de requalificação da rua do Engenho Novo, em Paços de Brandão, que significa que a ciclovia que constava no projeto não será feita

Sem o presidente Amadeu Albergaria e sem o líder da oposição Márcio Correia presentes, realizou-se, na última segunda-feira, dia 4, a habitual reunião do executivo da Câmara Municipal, que durou cerca de 45 minutos e gerou discórdia na votação da sanação de trabalhos – no valor de 22.828 euros, correspondente a 4,31% do montante global – da empreitada de ‘requalificação de arruamento, drenagem de águas pluviais, residuais e abastecimento de água’ da rua do Engenho Novo, em Paços de Brandão, adjudicada à empresa Construções Carlos Pinho.

Em substituição do edil feirense, a vereadora Sónia Azevedo introduziu o tópico a discussão, justificando que “por lapso dos serviços” não foi levado a votação no devido tempo. Sobre o tema, Délio Carquejo criticou estarem a ser deliberados trabalhos a menos três meses depois do término da obra e levantou algumas questões.

“Numa via tão importante, os trabalhos a menos não eram do conhecimento da Assembleia de Freguesia de Paços de Brandão. É o suprimento de uma ciclovia numa das principais vias de acesso que liga a freguesia ao município de Ovar. Ao retirarmos uma ciclovia com a argumentação de que existe muito tráfego de pesados, o que diremos das vias estruturantes Espargo-Paços de Brandão ou Lamas-Lourosa? Em nada é diferente. A questão de perigosidade coloca-se em todas e existirá sempre que partilhemos vias rodoviárias com vias pedonais ou ciclovias”, argumentou.

Lembrou que os vereadores socialistas “não têm conhecimento em pleno da estratégia da Autarquia para a Quinta do Engenho Novo”, algo que também terá feito parte da equação que resultou na eliminação, à posteriori, da ciclovia. “Em momento algum conseguimos vislumbrar qual é. Se passa por criarmos uma ciclovia dentro da quinta, falamos de uma infraestrutura que é precisa, mas do que mais estamos a falar? Dizem que a intenção é impedir o trânsito automóvel no interior, mas vai ser impossível. Existe um restaurante, espaços de diversão infantil e um local de estacionamento público. Só entendo que a intenção seja impedir o uso e abuso de alguns condutores”, prosseguiu.

Voltando a direcionar-se diretamente para a supressão da ciclovia, referiu, “enquanto morador de Paços de Brandão”, que gostaria de ter sido ouvido antes. “Foi decisão da Câmara Municipal fazer um projeto que inclui uma ciclovia, por que razão vamos deixar de a fazer? Até poderia concordar que fosse suprida, desde que fosse votada em Assembleia de Freguesia”, disse.

“Não é um suprimento cego”

Em resposta, Sónia Azevedo mencionou haver “um parecer positivo da Junta, mas o suprimento seria sempre ponderado em termos de obra”. “Não é um suprimento cego dos trabalhos. Terá sido ponderado e aceite”, disse, assegurando que “não tendo pormenores do que esteve na decisão”, faria chegar informação posterior aos socialistas.

Antes da votação, Sérgio Cirino, do PS, expôs que “foi a Câmara que aprovou o projeto, que é a dona da obra e qualquer alteração deve vir à Câmara”. “Estamos agora a sanar porque não veio”, criticou. Quanto à questão invocada da perigosidade, referiu que “há muitas soluções” e que neste caso “simplificou-se”, algo com o qual o PS não esteve de acordo, votando desfavoravelmente.

Por fim, Délio Carquejo alertou para o projeto de ligação de ciclovia de Paços de Brandão a S. Paio de Oleiros, para posterior conexão ao município de Espinho. “É muito antigo e espero que não esteja a ser posto em causa com esta situação”.

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Marcelo Brito
JORNALISTA | Curioso assíduo, leitor obsessivo, escritor feroz e editor cuidadoso, um amante do desporto em geral e do futebol em particular.
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