A Comunicação Social tem dado grande destaque à proibição do uso do Telemóvel dentro do recinto escolar, durante o horário escolar, implementado na Escola António Alves Amorim, em Lourosa, desde 2017.
Esta prática tinha sido ensaiada há mais de uma década, pela Direção da Escola da altura, da qual era o seu Diretor, cujo Projeto Educativo da Escola contemplava esta medida. Nesse tempo o número de alunos com Telemóvel era bastante reduzido, pelo que era mais fácil impedir o seu uso, cuja utilização indevida era penalizada com a sua retenção em espaço próprio. Por sua vez, a Escola disponibilizava o telefone gratuito para os alunos puderem contactar os pais em caso de necessidade. Os sinais foram positivos, mas as Direções seguintes não foram sensíveis à continuidade.
Felizmente em 2017, a Direção actual, retomou essa prática e hoje torna-se uma medida bem-sucedida pois cria condições que permite que os alunos socializem mais entre si e evitando situações de ‘bullying’ na internet.
No mesmo sentido, no outro lado do mundo, na Nova Gales, Austrália, as Escola Públicas, vão proibir a entrada de Telemóveis por considerarem estes “dispositivos uma distração desnecessária”. É hora de criar melhores ambientes propícios à aprendizagem. Para o efeito, serão criados armários com fechadura para serem colocados fora da sala de aula. Assim, durante as aulas, o recreio e a hora do almoço, os alunos estarão proibidos de mexer no telemóvel, recolhendo-o apenas à saída. Desta forma, não só a atenção dos alunos é mais focada nas aulas, sem a tentação de mexer no telemóvel, como também não haverá espaço para o cyberbullying.
Resultados conhecidos em escolas que proibiram o uso do telemóvel durante o tempo de aulas, reduziu drasticamente as interrupções nas aulas.
Entre nós, temos a experiência da Escola António Alves de Amorim-Lourosa que há seis anos proíbe o uso de Telemóveis dentro do recinto escolar durante os períodos lectivos. Segundo as palavras da diretora desse estabelecimento de ensino, Mónica Almeida, que se mostra orgulhosa da decisão tomada, afirma que os alunos não sentem falta deles, verificando-se que os alunos socializam mais entre si e evitem situações de ‘bullying’ na internet. Diz que isso está demonstrado pelos últimos seis anos de experiência da escola e pela animação que se nota no recreio durante os intervalos: “há grupos de alunos em altas gargalhadas, miúdas a caminharem juntas em torno de jardins bem cuidados, rapazes a jogarem bola no relvado sintético e até pares românticos a beber sumo na esplanada do bar, sob as árvores”.
Em termos práticos, os alunos da EB 2/3 de Lourosa podem levar o telemóvel para a escola, mas, na primeira aula, entregam os aparelhos ao professor, que os deposita numa caixa específica para cada turma, guardada num armário próprio da receção do edifício. Depois, independentemente da carga horária letiva de cada dia, só na última aula é que o professor em funções acede novamente à caixa, para devolver os telefones a cada aluno.
Além disso, “sempre que queiram dar um recado aos seus educandos, os pais ligam para a escola e esta fá-la chegar ao aluno. Quando o educando quiser uma chamada para os encarregados de educação, pode sempre fazê-lo, sem nenhum custo”. Esta regra está a ser bem recebida pela Comunidade Escolar como incentivo de matrícula a mais alunos na Escola António Alves de Amorim.
Estas práticas educativas bem-sucedidas, servem de mote a uma petição pública que defende: “viver o recreio escolar sem ecrãs de smartphones” que visa que esta regra seja aplicada a todas as Escolas. Espera-se que nesta oportunidade se faça o indispensável debate deste tema (uso de telemóveis dentro da Escola) no processo educativo em curso.
O sucesso educativo desta medida parece ser incontestável, porém existem dúvidas se esta forma será mais eficaz para melhorar o desempenho dos alunos nas escolas. Existem estudos de especialistas da área digital, que indicam que a proibição de telemóveis nas escolas não melhora necessariamente os resultados académicos, uma vez que os alunos não os usam assim tanto durante as aulas, considerando que a solução passa antes pelo “educar os jovens sobre como gerir melhor o seu tempo ao telemóvel”.
Por último, não podemos ignorar que estamos na era das comunicações, mas é inegável que a sociedade está a ficar doente por “falta de comunicação física presencial”. Urge pensar como “ensinar os jovens a usar os telemóveis” de maneira realmente produtiva para a escola e o trabalho.
Concluindo, a competência das aprendizagens, não pode superar os valores sociais da educação, sob pena dos nossos jovens estarem a ser desumanizados através de um crescimento robotizado!…