Embora o Halloween já tenha passado, é sempre oportuno falar da situação e da evolução (ou não) que Portugal está a ter internamente e como estado-membro da União Europeia (UE). Adotando a abordagem da Pirâmide das Necessidades de Maslow, que foi criada por Abraham Maslow (1943), este identificou cinco patamares fulcrais na vida do ser humano, i.e. Necessidades Fisiológicas; de Segurança; Sociais; de Autoestima; e de Autorrealização.
Focando nas necessidades fisiológicas humanas (comer, beber, dormir, abrigo, etc.), é óbvio que com os conflitos armados que tem ocorrido em redor do globo nos últimos dois anos, o preço de vários produtos, bens e serviços aumentou consideravelmente, daí esperar-se que uma subida seja algo inevitável. Quando me refiro a uma subida, não me refiro a (quase) dobrar o preço dito de origem! Exemplificando, o caso da habitação: nas duas principais cidades do país, Lisboa e Porto, o preço da habitação tem subido a pique, sendo que em Lisboa o preço por m2 já chega aos 3 376€. A par disto, em cerca de 66 concelhos portugueses, o preço da habitação elevou-se em mais de 50%, comparando com 2018. Para não falar do custo de arrendamentos de casas e apartamentos.
Em Lisboa, ainda que se trate da capital, atualmente 1200€ não chegam para arrendar um T2 no centro da cidade. Isto leva a que se procure habitação na periferia, que em embora ofereça preços menos exorbitantes, surgindo casos de pessoas a terem de viver em habitações com condições precárias e a necessitarem de obras. No geral, nos últimos cinco anos registou-se um aumento de 240€ no arrendamento de imóveis (in SIC Notícias e INE).
A alimentação é outro caso onde o aumento tem sido notório. Verificou-se uma subida homóloga dos preços dos produtos agrícolas de base em cerca de 17% na UE, com Portugal e Espanha a apresentarem o maior aumento: 33% (dados de março). Utilizando o caso prático do cabaz de produtos essenciais, os ovos lideram o aumento de preços (60% na média da UE), seguindo-se o arroz (51%) e a carne de porco (49%). De acordo com o Eurostat, isto deve-se “à subida do preço dos ovos que reflete, por um lado, a escassez de cereais forrageiros (destinados à alimentação das galinhas) e, por outro lado, o impacto de um surto de gripe das aves na Bélgica e nos Países Baixos” (in Diário de Notícias).
Um exemplo mais recente das dificuldades sentidas é o incremento do Imposto Único de Circulação (IUC). Tal estipula um aumento de 25€ nas viaturas com matrícula datada anterior a 2007. Até há bem pouco tempo, estes veículos estavam isentos da componente ambiental deste imposto, apesar de serem mais poluentes do que os carros com matrícula mais recente. Embora que o governo esteja legislativamente salvaguardado, tal não evitou protestos da população. No passado fim de semana, houve um protesto de condutores revoltados, que fez parar o trânsito um pouco por todo o país, destacando 11 cidades que ficaram com as suas ruas e avenidas congestionadas pelo movimento. Afinal, ainda que não se possa fugir à inflação, algo relativamente natural, que culpa tem os condutores com viaturas ditas mais antigas? Das duas uma: ou tem o seu carro bem estimado e não necessitam de mudar; ou algo bem mais grave: não tem capacidade financeira para comprar uma viatura mais recente. Com a subida notória do custo de vida, tal não me surpreende. Mas pronto, que mal tem os pobres serem mais pobres?! Poderia ainda falar de muitos outros casos, a lista é relativamente grande. Concluindo, apesar de vivermos numa era em que deveria existir progresso (no sentido positivo da palavra) e soluções traçadas para, pelo menos, tentar minimizar a pobreza e as assimetrias, tal não se observa. Posto isto, e para evitar futuras cartas abertas, o artigo escrito é somente a minha visão das coisas, cuja qual espero que seja respeitada e não alvo de críticas destrutivas e desmedidas. Dito isto, “encontramo-nos” no próximo artigo!