O vírus do Incendiarismo
Escolha da Redação Opinião

O vírus do Incendiarismo

O país está a arder e o pior é que não arde sozinho já que parte do planeta lhe segue as pisadas, O mundo é uma enorme fogueira acesa, mas quem lhe trata do rastilho continua “na maior” e com as mãos por cortar. Basta chegar o momento, acender o fósforo e zás!.. “bora lá p’rá queima”, porque…. ” the show must go on” . Quanto maior for a fogueira, melhor o espectáculo!…

É coisa que não dá trabalho, basta a calada da noite, meia dúzia de energúmenos e um fósforo, só um fósforo. Gesto muito simples, eficaz e que não deixa rasto. Depois, “como quem não quer olhar p´rá coisa”, é um delírio ver, de palanque, a facilidade com que se “estoira” com tudo e se vira um país inteiro de pernas para o ar. Resultado”??!!… Brilhante!!…De um lado, mortes contabilizadas, casas destruídas, aldeias fora do mapa, parques naturais meio extintos, flora e fauna desaparecidas e dezenas de milhar de milhões de euros “voados” dos cofres do estado. Do outro, os culpados, “assassinos”, criminosos ou facínoras, os que incendeiam por prazer, vingança, por interesse ou doença, a quem pouco e nada lhes acontece. “Pouco”, porque, o que pagam pelos crimes, quase não sai da área da impunidade e ”nada”, porque ou não são apanhados, ou quando o são, a justiça só lhes faz cócegas, ou, então, são chamados de inimputáveis, porque são doentes. Há um enormíssimo escudo invisível que protege esta corja de bandidos e o destino da culpa de toda esta desgraça, sem que haja remédio, é para morrer solteira.

Não sendo possível punir de forma que a “raça”, que tudo destrói, se extinga, então mantenha-se tudo na mesma, invista-se em mais meios aéreos de combate, compre-se, ou contrate-se mais “canadairs”, aperfeiçoe-se e dote-se a protecção civil com mais e melhores meios de ataque, chegue-se à infalibilidade do SIRESP e talvez, quem sabe, reconhecer-se, de uma vez por todas, a carreira profissional aos Sapadores Florestais, etc, etc, etc. Assim e como o país já se habituou a carregar com esta desgraça nacional, não passará de mais uma rotina e tudo será suportável. Depois, há também o resto, a prestativa informação, importante e indispensável : mal o sol comece a aquecer a fornalha do país e a surgirem os primeiros estado de alerta com os mapas de previsão de incêndio florestal , acontecerá para o ano, o mesmo que neste e nos anteriores, um “ver se te avias” nos preparativos das Tvs para o titânico combate dos “shares”, instalando e apontando as suas setas noticiosas  para os directos às portas dos “palcos das operações”.

É que as audiências crescem sempre muito com o anúncio e reportagem de tudo que seja desastre e, então, florestas a arder é que dão jeito, pelos generosos tempos de antena que preenchem. Entretanto, enquanto isso e para gáudio de quem vê,  lá vão surgindo  as notas de rodapé  dando conta de mais algumas detenções feitas por suspeita de fogo posto. Um reconfortante sossego para quem as vê. Nada melhor para quem é mais sensível à dureza das imagens que passam, que saber que um incendiário foi preso, e passa a estar a contas com justiça. Alguns safam-se por falta de provas, já outros boçais, achados culpados, em vez da lei de talião por medida, vão antes passar ferias “p’ró chelindró” que lhes seja mais próximo. Com semelhante enquadramento penal tão pacífico, não há extintor que acabe com esta tragédia de sol quente, pondo, de vez, um ponto final nesta farsa nacional do incendiarismo….Só reeditando o Código de Hamurabi….

Assine agora
X