A linha centenária do Vouga inaugurada em 1908 fazia, nos seus tempos áureos, a ligação entre Espinho, Aveiro e Viseu. Muitos encerramentos depois, uma extensão que totalizava 177km, ficou reduzida ao percurso entre Oliveira de Azeméis e Espinho e, mesmo este, esteve em risco de ser totalmente encerrado.
Com um investimento inicial das Infraestruturas de Portugal de parte do troço ferroviário ativo, temos agora 100 M€ do PRR para investir na recuperação e modernização do restante troço. Discutem-se estudos de 2018, se é bitola métrica ou ibérica, se é ou não abrangida pelo Andante, se pára em todos os apeadeiros, se servirá mais de 600 mil pessoas por ano, se liga diretamente à estação de Espinho, se é necessário transbordo, se é atrativo ou se será apenas um comboio turístico.
A verdade é que infelizmente estamos a ter estes debates porque, mais uma vez, temos de fazer tudo à pressa porque os fundos europeus fecham a torneira em 2026! Mais uma vez vemos os mesmos o investimento direcionado aos mesmos beneficiários e o prejuízo de toda a zona geográfica interior do Concelho da Feira que nunca teve um apeadeiro nem uma rede de transportes condignos. Já não bastando a divisória da Estrada N1 ainda temos de assistir a investimentos avultados serem direcionados para a área geográfica do Concelho que mais beneficia da rede de transportes da Área Metropolitana do Porto.
Será que não andamos a misturar assuntos e a querer à força toda que a necessária requalificação da linha do Vouga seja um embuste falhado da tão aguardada linha de Metro que faça uma ligação rápida e direta ao Porto?
Não digam que é falta de vontade política concelhia, não digam que é por não constar nos planos eleitorais do PSD dos últimos anos até porque os investimentos não são de competência camarária. É por falta de investimento, planeamento e de vontade política do Estado Central.
Porque têm os concelhos de Oliveira de Azeméis e de S. João da Madeira que ir a Espinho para poderem ir para o Porto? Porque o aumento da linha do metro de Gaia não tem um traçado até aos Carvalhos? Porque não podemos nós, Feira, Oliveira de Azeméis e São João da Madeira, ligar posteriormente uma linha de metro até aos Carvalhos?
Uma linha que pudesse, por uma única vez, beneficiar as populações a Este da N1. Que pudesse potenciar o desenvolvimento social, educacional, empresarial, cultural e económico desta região interior cada vez mais envelhecida e entregue ao esquecimento.
Não está em causa a revitalização do Vouguinha. Está em causa a direcionalidade dos investimentos e as suas repercussões a longo prazo!
