Os enfermeiros como referência na literacia em saúde
Opinião

Os enfermeiros como referência na literacia em saúde

No passado dia 8 de setembro comemorou-se o Dia Internacional da Literacia em Saúde, temática tão relevante para qualquer sociedade.
A literacia em saúde deve ser entendida como um conjunto de competências, capacitações e habilidades que induzem a uma mudança de comportamentos na salvaguarda da saúde individual dos cidadãos.


Esta perspetiva sobre a literacia em saúde é campo privilegiado para os profissionais de saúde intervirem junto das comunidades e onde o enfermeiro tem um papel preponderante.


O direito à proteção da saúde, constitucionalmente tutelado, determina que cada um de nós, assim como todos enquanto coletivo, tem responsabilidade de tudo fazer para proteger a saúde individual e coletiva. Ora, importa perceber, desde já, que, sendo fundamento das políticas de saúde que a pessoa é o centro do sistema, ao ser o exclusivo beneficiário do mesmo, deve estar também comprometido com a sua própria saúde. Por conseguinte, quando se fala em literacia para a saúde implica que esta abarque duas dimensões.


A primeira – o cidadão, sendo autónomo e responsável nas decisões que toma, sobretudo o que incida na sua esfera pessoal, deve deter os conhecimentos necessários para uma tomada de decisão consciente e responsável e, dessa forma, intervir e controlar, não apenas a sua saúde, mas também o estado de doença que venha a desenvolver.


Para além de ter este tido de soluções individuais, de como atuar perante alguma ocorrência, é igualmente relevante que o cidadão domine e conheça como aceder aos cuidados de saúde e os termos em que os pode obter. Ter literacia em saúde implica compreender tudo o que medeia o setor da saúde, desde os prestadores institucionais aos prestadores de cuidados, passando também pelo domínio básico sobre o seu status de saúde/doença, assim como dos seus.


Num outro prisma, deve-se falar em literacia, mas circunscrita aos profissionais de saúde que ainda carecem de muitas aptidões e conhecimentos, uma vez que ainda prevalece muita iliteracia entre os diferentes profissionais de saúde. Em particular nas matérias relacionadas com a dignidade e a autonomia individual das pessoas, no consentimento informado, livre e esclarecido, e nas diretivas antecipadas de vontade, bem como no reconhecimento da centralidade do cidadão (e não do profissional de saúde). Tais situações evidenciam a necessidade de obterem literacia.
Os enfermeiros, pelo seu core business de competências, são os profissionais que poderão ser referências no combate à iliteracia em saúde, seja dos cidadãos, dos demais profissionais de saúde, inclusivamente dos próprios enfermeiros, e das próprias instituições prestadoras de cuidados de saúde.


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